Guerra

Decisão dos EUA de fornecer bombas de fragmentação à Ucrânia é 'ato de desespero', diz Rússia

Em comunicado, Chancelaria russa afirma que Washington se tornará 'cúmplice' das mortes de civis eventualmente causadas por esse tipo de armamento, do qual Moscou também faz uso no conflito

Moradores caminham em escombros de prédio atingido por míssil russo em Kramatorsk, na Ucrânia, em 1º de julho deste ano Moradores caminham em escombros de prédio atingido por míssil russo em Kramatorsk, na Ucrânia, em 1º de julho deste ano  - Foto: Genya Savilov / AFP

A decisão dos EUA de fornecer bombas de fragmentação para a Ucrânia é um "ato de desespero" e mostra "fraqueza", afirmou neste sábado o Ministério de Relações Exteriores da Rússia. Em um comunicado, a porta-voz Maria Zakharova afirmou que o fornecimento tornará os EUA "cúmplices" das mortes de civis eventualmente causadas por esse armamento, que mata indiscriminadamente, dispersando pequenas cargas explosivas antes ou depois do impacto em áreas amplas.

"É um ato de desespero e mostra fraqueza diante do fracasso da tão alardeada contraofensiva ucraniana", afirmou Zakharova. "A mais recente 'arma milagrosa' em que Washington e Kyiv apostam, sem pensar nas graves consequências, terá nenhum efeito na operação militar especial", afirmou, usando a expressão empregada por Moscou para referir-se ao conflito, nunca chamado de "guerra".

Segundo a agência AFP, Zakharova afirmou que a decisão mostrava "o agressivo curso antirrusso adotado pelos EUA, que teria o objetivo de prolongar o conflito na Ucrânia o mais que possível".

Ela também afirmou que as promessas da Ucrânia de usar a controversa munição de forma responsável "não têm nenhum valor". A própria Rússia usar bombas de fragmentação, mas elas são banidas em várias partes do mundo, particularmente os da Europa signatários da Convenção de Oslo de 2008, da qual nem EUA, Ucrânia e Rússia fazem parte.

A decisão foi tomada pela Casa Branca após garantia de autoridades do Pentágono de que as armas foram aprimoradas para reduzir os riscos aos civis. A questão central com esse tipo de munição é o alto índice em que suas submunições falham em detonar no impacto – deixando para trás centenas de minas que podem acabar explodindo mesmo décadas depois, causando muitas vítimas civis.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu a "decisão difícil" de enviar as bombas de fragmentação, afirmando que os "ucranianos estão ficando sem munição". Segundo Biden, seria uma medida temporária para sustentar a Ucrânia até que a produção de munição de artilharia convencional chegue as níveis necessários do conflito.

Na avaliação de Washington, privar Kiev desse armamento resultaria em deixar o país indefeso contra as forças russas. O governo ucraniano agradeceu o envio das armas, afirmando que ajudariam o país a liberar mais território do controle russo.

O primeiro-ministro británico, Rishi Sunak, relembrou neste sábado que o Reino Unido é signatário da convenção que proíbe o uso de bombas de fragmentação, afirmando que desencoraja seu uso.

O Canadá também se manifestou contra o uso do armamento, afirmando "estar comprometido em pôr um fim aos efeitos que as bombas de fragmentação têm sobre os civis, particularmente crianças".

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