Declaração de lei marcial causa caos na Coreia do Sul: vídeo mostra opositora confrontando soldado
Partidos de oposição apresentaram moção para impeachment do presidente
Protestos eclodiram em Seul, na Coreia do Sul, depois que o presidente Yoon Suk Yeol declarou temporariamente lei marcial de emergência, nesta terça-feira. Horas depois, a Assembleia Nacional rapidamente rejeitou a ordem e votou para revogá-la. Um vídeo capturou o momento em que Ann Gwi-ryeong, porta-voz do Partido Democrático da Coreia do Sul, confrontou um soldado armado em frente ao prédio do parlamento em Seul.
O momento de tensão foi transmitido pela JTBC News, uma emissora local. Enquanto a discussão continuava, o soldado repetidamente gritava: “Saia do caminho!”. Ann manteve sua posição, mesmo com a arma apontada para ela, respondendo: “Você não tem vergonha de si mesmo?”.
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A declaração de lei marcial de Yoon — feita em um discurso televisivo não programado na noite de terça-feira — gerou caos político e trouxe à tona memórias dos regimes ditatoriais do pós-guerra que reprimiam dissidências pacíficas e criavam um estado policial. No entanto, a estratégia de Yoon pareceu sair pela culatra ao longo de uma noite tensa, e antes do amanhecer de quarta-feira, ele já havia recuado.
O secretário-geral da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, Kim Min-ki, condenou na manhã de quarta-feira a invasão militar no legislativo durante a breve imposição da lei marcial por Yoon, dizendo que cerca de 300 soldados invadiram o complexo.
“Condeno veementemente as ações ilegais e inconstitucionais dos militares e a destruição que causaram nas instalações da Assembleia Nacional devido ao decreto de lei marcial do presidente Yoon”, disse Kim em uma coletiva de imprensa.
Ele prometeu buscar reparações legais pelos danos causados e afirmou que a polícia, que impediu a entrada de alguns legisladores no prédio durante a noite, seria proibida de acessar o local.
O Partido Democrático da Coreia do Sul afirmou em um comunicado na quarta-feira que, se o presidente Yoon não renunciar, iniciará imediatamente um processo de impeachment. Os legisladores da oposição, que controlam a Assembleia Nacional, declararam que o uso da lei marcial por Yoon foi inconstitucional e representou “um grave ato de insurreição e motivos claros para impeachment”.