Declarações de autoridade do governo indiano provocam indignação no mundo muçulmano
A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) categorizou a fala como preconceituosa
Declarações da porta-voz do partido no poder da Índia sobre o profeta Maomé provocaram uma onda de indignação no mundo muçulmano.
Nupur Sharma, porta-voz do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, foi suspensa de seu partido no domingo (5), depois de fazer um comentário sobre o relacionamento entre Maomé e a mais jovem de suas esposas, provocando a indignação de vários países do Golfo, bem como do Irã, Argélia e Egito.
A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), com sede na Arábia Saudita e que reúne 60 países muçulmanos, declarou que as palavras da responsável indiana foram feitas num "contexto de islamofobia na Índia".
No Kuwait, onde o embaixador indiano foi convocado no domingo, um supermercado da cadeia Al Ardiya Co-operative Society decidiu boicotar os produtos indianos.
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Além disso, Catar e Irã também convocaram os embaixadores indianos para desculpas. A Arábia Saudita chamou as declarações da porta-voz de "insultantes", pedindo "respeito às crenças e religiões". Bahrein e Jordânia saudaram a suspensão de Sharma.
Essa onda de protestos ocorre ao mesmo tempo que a visita do vice-presidente indiano Venkaiah Naidu ao Catar, viagem que busca estreitar os laços entre os dois países. Muitos cidadãos indianos trabalham nos países do Golfo.
O partido de Modi, acusado em várias ocasiões de estigmatizar a minoria muçulmana da Índia (cerca de 14% da população), disse em comunicado que "respeita todas as religiões".
A porta-voz do partido escreveu no Twitter que seu comentário era uma resposta a "insultos" contra o deus hindu Shiva, mas que "retirava sem reservas" suas palavras se elas tivessem "ferido os sentimentos religiosos de alguém".
Os países do Golfo, que importam a maior parte de seus produtos alimentícios, mantêm boas relações comerciais com a Índia.