Defesa e acusação na expectativa do júri popular de PMs suspeitos de matar jovem há dez anos
O júri popular do caso acontece nesta terça-feira (20), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, centro do Recife
A espera por uma sentença parece estar mais perto do que longe para dar desfecho ao caso que envolve a morte do jovem Marcos Laurindo, de 21 anos. Dois policiais militares são acusados de ter participação no crime, que aconteceu há dez anos, na comunidade Bola na Rede, na Guabiraba, Zona Norte do Recife.
O júri popular do caso acontece nesta terça-feira (20), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, centro do Recife.
Serão julgados os PMs Diogo Pereira de Barros, réu por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe por impor medo com uso de truculência, e não ter dado chance de defesa à vítima), e Paulo Sérgio Reis da Silva, por falso testemunho na fase de investigação com o objetivo de proteger o parceiro de farda.
Para o advogado de defesa de Diogo Pereira, não restam dúvidas que o cliente dele é inocente e agiu em legítima defesa, após a vítima ter, segundo ele, assaltado a viatura policial.
“Ele [Diogo] não negou ter dado os disparos, mas assim o fez no exercício do direito dele de atividade para a qual ele estava exercendo naquela oportunidade. Houve um embate anterior da vítima, que abordou essa viatura, quando lá se encontravam o cabo Sérgio e o soldado Diogo. Eles seguiram atrás do rapaz por uma obrigação legal. O rapaz estava armado e abordou a viatura. Nesse embate entre eles dois, o meu cliente teve que disparar contra ele [Marcos], porque ele deu dois disparos”, alega.
Segundo a promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Dalva Cabral, não restam dúvidas de que os dois acusados serão condenados por participação no crime.
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“São crimes diversos. A gente tem o homicídio, a imputação do porte legal de armas, da fraude processual e do falso testemunho. Então, as imputações colocadas na pronúncia para o Ministério Público cabem a cada um dos acusados, na medida das suas acusações. Claro que o assassino do Marcos é o Diogo. Para a promotoria, a prova é límpida. Tem a própria confissão do Diogo, que atirou. O Marcos não fazia mal a uma comunidade inteira. Foi um jovem de 21 anos, brutalmente assassinado por policiais que não honram a farda e que não representam a Polícia Militar de Pernambuco”, pontuou.
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A família de Marcos expressa o grito por justiça. A irmã dele, a auxiliar de serviços gerais Risoneide Almeida, de 38 anos, conta como tem sido a rotina da família durante a última década.
“Eu creio que a gente vai sair com posse da vitória e da justiça. É uma dor tremenda sentindo falta do meu irmão. Não é fácil para uma família, muito menos para nossos pais. Eu vejo minha mãe chorando o tempo todo e não posso preencher o vazio dela, porque quem podia fazê-lo era o Marcos. Mas eu creio que o melhor vai ser feito. Foi errado. Não era para ele [Diogo, o policial] ter tirado a vida do meu irmão dessa forma. Ele poderia até prender e depois soltar. A gente aceitava, mas foi muito errado o que ele fez. Causou um vazio na família”, lamentou a mulher.
O julgamento começou às 10h. Cinco testemunhas arroladas pelo MPPE estão presentes. A seção é presidida pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima e tem previsão para ser concluída ainda na tarde de hoje.