Delegação egípcia chegou a Israel para negociações de trégua em Gaza
Israel prepara uma ofensiva terrestre na superlotada cidade de Rafah, fronteiriça com o Egito
O Egito enviou, nesta sexta-feira (26), uma delegação a Israel para retomar as negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza que inclua a libertação de reféns em poder do movimento islamista Hamas, reportou a imprensa dos dois países.
A guerra fez 51 novas vítimas fatais nas últimas 24 horas, informou o ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.
Nesta sexta, um correspondente da AFP presenciou um ataque com mísseis contra uma casa na Cidade de Gaza, no norte da Faixa, que deixou pelo menos três mortos.
Israel prepara uma ofensiva terrestre na superlotada cidade de Rafah, fronteiriça com o Egito, no sul de Faixa de Gaza, considerada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu o último grande reduto do Hamas.
Depois de seis meses e meio de bombardeios e combates terrestres, Israel assegura que o Hamas tem quatro batalhões reagrupados em Rafah.
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Muitos países e ONGs temem um banho de sangue nesta cidade, agora refúgio de quase um milhão e meio de palestinos, a maioria deslocada pela guerra, que vivem em acampamentos sem água ou eletricidade e começam a sofrer com o calor após ter suportado um inverno rigoroso.
A delegação do Egito, um dos três países mediadores ao lado do Catar e dos Estados Unidos, abordará questões de "segurança", segundo uma fonte próxima ao governo.
Segundo a imprensa israelense, a delegação quer retomar as negociações para um acordo de trégua que envolva a libertação de "dezenas" dos 100 reféns cativos em Gaza.
Ao mesmo tempo, espera-se que diplomatas árabes e europeus de alto escalão, que viajarão este fim de semana à Arábia Saudita para uma cúpula econômica, mantenham discussões sobre a guerra em Gaza, indicaram fontes diplomáticas.
A guerra começou em 7 de outubro por um ataque de combatentes islamistas que mataram 1.170 pessoas, em sua maior parte civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os comandos também sequestraram cerca de 250 pessoas, 100 delas foram trocadas por presos palestinos em Israel durante uma trégua de uma semana no final de novembro. Israel estima que 129 permaneceram cativas e que 34 delas morreram desde então.
Israel prometeu destruir o Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza que até o momento deixou 34.356 mortos, em sua grande maioria civis, segundo as autoridades sanitárias do território palestino.
Disparos na fronteira libanesa
A guerra em Gaza recrudesceu os confrontos na fronteira entre Israel e Líbano, com duelos de artilharia quase diários entre o Exército israelense e o movimento islamista pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas.
O Exército anunciou nesta sexta-feira que um civil israelense que trabalhava em uma obra morreu perto da fronteira por mísseis disparados a partir do sul do Líbano.
"Durante a noite, os terroristas dispararam mísseis antitanque contra a área de Har Dov, no norte de Israel", informou o Exército.
Har Dov é o nome israelense das Fazendas de Shebaa, área em disputa na fronteira entre o Líbano e as Colinas de Golã, território ocupado por Israel desde 1967.
O Hezbollah afirmou, por sua vez, ter montado "uma emboscada" contra um comboio israelense nas Fazendas de Shebaa e "destruído os veículos".
"Um míssil" seguido de outro
Um correspondente da AFP presenciou nesta sexta-feira disparos de mísseis contra uma casa no distrito de Al Rimal na Cidade de Gaza. Os corpos de um homem, uma mulher e uma criança foram extraídos dos escombros.
"Estava sentado vendendo cigarros e de repente um míssil caiu, que fez toda a região tremer, seguido de outro míssil, que voltou a sacudi-la. Corremos para ver o que havia acontecido e encontramos mártires: um homem, uma mulher e uma menina", disse à AFP uma testemunha, que pediu para não ser identificada.
A guerra também provocou um desastre humanitário na Faixa de Gaza, um território de 2,4 milhões de habitantes, submetido a um duro bloqueio israelense e ameaçado pela fome, segundo a ONU.
Diante das dificuldades de transportar ajuda internacional por terra a partir do Egito devido aos estritos controles de Israel, os Estados Unidos começaram a construir um cais temporário e uma doca em frente ao litoral de Gaza, onde embarcações militares ou civis poderão depositar seus carregamentos.