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Caso Henry Borel

Delegado diz que já há informações suficientes para finalizar investigação policial do caso Henry

No início da semana que vem, investigadores e peritos devem acertar os últimos detalhes do inquérito e o delegado responsável pelo caso deverá apresentar o relatório final

Câmeras de segurança mostram momentos antes da morte do menino HenryCâmeras de segurança mostram momentos antes da morte do menino Henry - Foto: Reprodução/TV Globo

Diretor do DGPC (Departamento-Geral de Polícia da Capital), o delegado Antenor Lopes afirmou a jornalistas nesta sexta-feira (16) que já há elementos suficientes para encerrar as investigações do caso Henry na Polícia Civil e encaminhar os resultados para o Ministério Público do Rio de Janeiro.

O vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho (sem partido), e a namorada dele, Monique Medeiros, estão presos temporariamente desde o dia 8 de abril. Eles são suspeitos de homicídio qualificado de Henry Borel, 4, filho de Monique, no dia 8 de março.

No início da semana que vem, investigadores e peritos devem acertar os últimos detalhes do inquérito e o delegado responsável pelo caso deverá apresentar o relatório final.
 


"Nós julgamos ter provas muito contundentes, mais do que suficientes, para que o caso seja levado à Justiça", afirmou Lopes.

A informação foi dada após o depoimento da assistente social Débora Saraiva, 34, ex-namorada do vereador Dr. Jairinho, na 16ª Delegacia de Polícia da capital, na Barra da Tijuca (zona oeste).

Segundo o delegado, Débora voltou atrás no depoimento anterior e confirmou que ela e o filho, então com dois anos, sofreram agressões do parlamentar durante os seis anos em que se relacionaram.

"Ela disse que foram tantas agressões que nem sequer conseguia lembrar a quantidade exata de vezes que apanhou do Dr. Jairinho", afirmou. "Tudo isso demonstra como foi importante o pedido de prisão temporária, porque as testemunhas vêm apresentando novas versões", disse Lopes.

Esse foi o segundo depoimento de Débora, que já havia sido ouvida no dia 22 de março. Ela chegou ao local às 14h30 e saiu por volta das 17h20, sem falar com os repórteres.

A versão apresentada hoje por Débora é diferente da relatada à polícia na primeira vez em que foi ouvida. Segundo o jornal O Globo, em depoimento no dia 22 de março, a mulher havia negado a existência de agressões físicas durante o relacionamento e dito que houve "algumas brigas, mas só rolavam xingamentos".

Débora também contou, segundo o jornal, que Jairinho entrou em contato com ela às 11h46 do dia 8 de março, seis horas após atestada a morte de Henry. Segundo Débora, eles conversaram "como se nada tivesse acontecido".

Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, exibida na noite desta quinta-feira (15) no programa Cidade Alerta, da TV Record, Débora já havia antecipado o histórico de agressões que afirma ter sofrido durante os seis anos de relacionamento com o vereador. Ela disse que não procurou a polícia por medo de represálias.

Na entrevista, ela contou que foi agredida várias vezes pelo ex-namorado, incluindo socos, chutes, enforcamento, mata-leão e mordidas na cabeça. Afirmou ainda que em uma das vezes teve um dedo do pé quebrado por um chute dele.
Débora disse também que não descartava a possibilidade de Jairinho ter quebrado o fêmur do filho dela, então com dois anos de idade, em um episódio que inicialmente foi tratado como acidente.

Na ocasião, segundo ela, Dr. Jairinho pediu para levar o menino a uma casa de festas e minutos depois relatou que a criança havia machucado o joelho ao descer de um carro.

Débora também disse que Jairinho procurava oportunidades para ficar sozinho com o garoto. Quando conheceu o vereador, em 2014, ela já era mãe de dois filhos -uma menina de seis anos e um menino de dois.
A assistente social afirmou ainda que o filho contou que uma vez o padrasto pôs pano e papel na boca dele e ficou em pé sobre sua barriga.

As agressões ao menino serão investigadas pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), que já apura uma suposta agressão a outra criança, também filha de uma ex-namorada do vereador.

Débora contou que, em um dos episódios de ameaça, disse a Jairinho que se ele continuasse a procurá-la, ela o denunciaria à sua ex-mulher, com quem o vereador estava se relacionando. "Ele botou o rosto dele bem perto do meu e disse assim: 'Faz isso que eu te machuco onde mais te machuca'", disse. Segundo Débora, ela imaginou que ele se referia a machucar os filhos dela.

À TV Record ela afirmou que terminou o namoro com Jairinho em outubro de 2020, quando descobriu que ele já se relacionava com Monique. Débora afirma ter ligado para ela e contado das agressões que sofria. Monique, segundo a testemunha, se mostrou "apavorada".

A ex-namorada disse considerar Jairinho um "psicopata", além de uma pessoa "mentirosa", "agressiva", "ruim" e "falsa".
O delegado Lopes também falou sobre a situação da mãe de Henry. "A Monique desde o início tentou apresentar uma versão que tentava proteger o companheiro. Isso tudo foi desmontado no decorrer da investigação", afirmou.

Ele disse que o delegado do caso, Henrique Damasceno, ainda avaliará a necessidade de novo depoimento da mulher.
O advogado de Monique, Hugo Novais, afirmou nesta sexta que espera que ela "diga a verdade e que a justiça seja feita".
Novais passou cerca de duas horas na delegacia à tarde. Ele não explicou a razão da visita. Na quarta (14), a equipe já havia pedido para que Monique fosse ouvida novamente.

Desde a segunda (12), Novais e o advogado Thiago Minagé integram a nova equipe de defesa de Monique. A professora era representada até então por André França, mesmo advogado do parlamentar, que também deixou o caso.

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