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BRASIL

Dengue: alta de casos é menor que no início de 2024, diz ministério, mas SP é ponto de atenção

No estado paulista, avanço da doença tem sido maior que o registrado no ano passado, e 44 municípios já decretaram emergência

Dengue: alta de casos é menor que no início de 2024, diz ministério, mas SP é ponto de atençãoDengue: alta de casos é menor que no início de 2024, diz ministério, mas SP é ponto de atenção - Foto: AFP

Com a chegada do verão, começa também a temporada de maior incidência da dengue no Brasil. Neste ano, a preocupação é dobrada já que, em 2024, o Brasil bateu recordes históricos de casos e óbitos pela doença. Números de janeiro mostram que de fato a alta já está mais acentuada que em 2023, porém abaixo do observado no mesmo período do ano passado.

O cenário foi apresentado pelo Ministério da Saúde durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) desta quinta-feira. No geral, o avanço da doença em âmbito nacional tem sido menor que que em 2024: foram 169,9 mil infecções nas primeiras quatro semanas epidemiológicas de 2025, período que terminou no dia 25, contra 331 mil na mesma época do ano passado, quase o dobro.

No entanto, os números deste ano ainda são significativamente maiores que os de 2023, quando foram registrados 65,6 mil casos, menos da metade, nas quatro primeiras semanas de janeiro. Além disso, o cenário de 2025 não é uniforme – São Paulo, por exemplo, tem enfrentado uma alta pior que a do ano passado.

Na reunião, o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) da pasta, Rivaldo Venâncio, afirmou que de fato o país está “em um período intermediário entre 2023 e 2024", mas que o "comportamento da doença varia entre as regiões”.

Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses da pasta da Saúde, o estado paulista registrou 99,8 mil casos neste ano, quase 60% do contabilizado em todo o país. No mesmo período de 2024, eram 48,8 mil infecções. Além disso, São Paulo responde por 29 das 37 mortes confirmadas no Brasil em 2025, quase 80% do total.

O governo de São Paulo admitiu que o ano de 2025 deve ser “difícil” e criou um Centro de Operações de Emergências (COE) para lidar com o enfrentamento da dengue. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 44 municípios do estado já decretaram emergência pelo avanço da arbovirose.

De acordo com o ministério, um dos fatores para o aumento de casos no estado é a circulação crescente do sorotipo 3 da dengue, em expansão desde julho de 2024. O vírus da dengue (DENV) é dividido em quatro sorotipos, com o 1 e o 2 sendo mais comuns no país. A infecção fornece proteção permanente contra o mesmo sorotipo, mas não contra os demais – por isso a pessoa pode ser reinfectada, o que costuma ser mais grave.

Uma pesquisa do Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios no Estado de São Paulo (SindHosp), realizada de 13 a 23 de janeiro, mostrou que 66% dos hospitais privados paulistas registraram aumento de internações de pacientes com suspeita de dengue nos últimos 15 dias. No ano passado, porém, esse percentual era de 80%.

Venâncio destacou na reunião que “o aumento do sorotipo 3 no Sudeste exige atenção, pois muitas pessoas nunca tiveram contato com essa variante do vírus, o que pode impactar na evolução dos casos”. Nas demais regiões, chama atenção uma alta nos estados do Tocantins, na região Norte, Pernambuco, no Nordeste, e o estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste.

O subsecretário disse ainda que “o momento exige articulação e resposta rápida” e que o ministério está “trabalhando junto aos estados e municípios para fortalecer as ações de vigilância e assistência”, A pasta reativou o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública para Dengue e outras Arboviroses (COE Dengue) no último dia 9.

Na reunião, Venâncio chamou atenção ainda para o avanço da febre do Oropouche, que já soma quase 3 mil casos no Brasil em 2025. No ano passado, foram cerca de 13,8 mil registros.

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