Dengue: casos aumentam 9 vezes em hospital infantil de São Paulo
No Hospital Sabará, unidade de referência da capital paulista, a taxa de positivos subiu de 3% para 10% das amostras coletadas
No Hospital Infantil Sabará, unidade de referência no atendimento de crianças e adolescentes na capital paulista, o número de diagnósticos para dengue também reflete o cenário de alta da cidade e de diversos estados do Brasil.
Nas cinco primeiras semanas epidemiológicas de 2024, período que terminou no último dia 2, o hospital coletou 180 amostras e identificou 18 casos da doença em crianças com idades entre menos de 1 e 15 anos.
O número é atípico mesmo para o verão, temporada que costuma ser de maior incidência da dengue. No mesmo período do ano passado, por exemplo, o hospital detectou apenas dois casos da infecção viral, número nove vezes menor que o atual.
Além disso, a positividade – proporção de testes com resultado positivo – era de 3% no início de 2023. Já neste ano, a taxa subiu oito pontos percentuais e chegou a 10%, realidade em que 1 a cada 10 amostras dá positivo para a dengue.
A faixa etária com mais diagnósticos é a de crianças de 1 a 5 anos, com sete casos. Em seguida, foram registrados cinco casos nas de 6 a 10 anos e também cinco naquelas de 11 a 15 anos. Um bebê com menos de um ano também foi atendido na unidade. De todos os 18 pacientes, dois precisaram ser internados.
No geral da capital paulista, onde fica o hospital, dados da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (COVISA/SMS-SP) mostram que foram 3.344 casos de dengue contabilizados nas cinco primeiras semanas epidemiológicas de 2024 – 350,7% a mais do que os 742 identificados no mesmo período de 2023.
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O número deste ano é superior até mesmo daquele registrado no início de 2015, ano em que o Brasil bateu o recorde de casos de dengue da série histórica. Foram 1.947 diagnósticos naquele ano durante as cinco primeiras semanas, 71% a menos do que o contabilizado agora.
Alta da dengue
Segundo o último informe da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 243.720 casos de dengue nas quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o que revela uma alta de 273% em relação ao ano passado.
A alta chama atenção especialmente pelos aumentos já alarmantes nos últimos dois anos. Em 2023, o país bateu o recorde de mais mortes causadas pela doença. Foram 1.094 óbitos confirmados, o que superou o ano anterior, 2022, quando contabilizou 1.053 vidas perdidas – que também foi um recorde na época.
Em relação aos casos, os dados do Ministério da Saúde mostram que foram 1.658.816 diagnósticos prováveis da infecção pelo vírus em 2023, 52.871 com evolução para hospitalização. O número é mais baixo apenas de 2015, quando o Brasil atingiu o recorde de 1.688.688 casos de dengue.
Vacinação contra a dengue
O Ministério da Saúde anunciou recentemente que 521 cidades receberão a vacina para a campanha de 2024 na rede pública, primeira do mundo com o imunizante, que deve começar neste mês. Devido ao quantitativo limitado de doses, foram priorizados jovens de 10 a 14 anos residentes de municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue.
A vacina também pode ser encontrada na rede privada por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.
A Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março de 2023 para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.
Recentemente, o Instituto Butantan publicou dados da última etapa dos estudos do seu imunizante, aplicado em dose única e que poderá ser produzido no Brasil. A eficácia foi de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo de um período de dois anos, semelhante à da Qdenga.
A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa no segundo semestre para, se receber o sinal verde, a dose ser disponibilizada a partir de 2025.