Dengue: casos crescem 315% em relação a 2023, mostra novo boletim do Ministério da Saúde
Distrito Federal e Minas Gerais, que decretaram emergência pela doença, concentram as maiores incidências do país
O Brasil registrou, até a semana que terminou no último dia 17, 688.461 casos prováveis de dengue no ano, número 315% maior que os 165.839 diagnósticos contabilizados no mesmo período de 2023. As informações são do último informe semanal do Ministério da Saúde sobre a doença, publicado ontem à noite.
Ainda de acordo com o documento, há 122 mortes confirmadas pela doença e outras 456 suspeitas em investigação. Há ainda 5.561 casos de dengue grave ou com sinais de alarme.
O número de casos em 2024 chama atenção por, em menos de dois meses, já representar 41,5% do registrado durante todo o ano de 2023 (1.658.816). Além disso, o ano passado já foi o segundo pior da série histórica, além do mais letal.
Segundo projeções da pasta, o país deve chegar a inéditas 4,2 milhões de infecções até o fim de 2024. O total representaria uma alta de 149% em relação ao ano em que se registrou mais casos de dengue no Brasil, 2015, com 1.688.688 infecções.
Leia também
• Tomar complexo B previne dengue? Especialistas explicam
• As tigelas de água de cães e gatos também podem atrair o mosquito da dengue? Entenda
• DF registra 38 mortes por dengue e lidera ranking no país
O informe do Ministério da Saúde mostra uma queda nos novos diagnósticos nas últimas duas semanas analisadas, no entanto a pasta afirma que “isso se deve ao tempo de digitação das informações pelos estados e municípios”. “Os dados serão atualizados nas próximas semanas, conforme atualização dos dados pelas unidades notificadoras”.
O informe destaca ainda que a maior incidência da doença até agora em 2024 é na faixa etária de 20 a 29 anos, mas que a maior proporção de casos graves está concentrada naqueles de 80 anos ou mais – que também registram a maior parcela dos óbitos.
Em relação às regiões, “no ano de 2024, merecem destaque o Distrito Federal e os estados de Minas Gerais, Acre, Paraná, Goiás e Espírito Santo”, diz o documento. Os seis concentram as maiores incidência de dengue no país até agora.
DF tem a maior incidência de dengue em 2024
Incidência em 2023 | Incidência em 2024 | |
Distrito Federal | 166,9 | 2874,6 |
Minas Gerais | 210,3 | 1132,9 |
Acre | 130,1 | 701,4 |
Paraná | 58,6 | 633,8 |
Goiás | 169,8 | 601,1 |
Espírito Santo | 474,3 | 557,1 |
Rio de Janeiro | 19,9 | 321,0 |
São Paulo | 79,1 | 264,7 |
Santa Catarina | 22,6 | 225,0 |
Amazonas | 35,3 | 169,3 |
Amapá | 14,0 | 150,1 |
Mato Grosso | 142,5 | 141,2 |
Mato Grosso do Sul | 234,5 | 121,2 |
Tocantins | 44,6 | 96,2 |
Rio Grande do Sul | 3,1 | 79,2 |
Rondônia | 266,3 | 71,0 |
Bahia | 47,6 | 67,5 |
Rio Grande do Norte | 22,8 | 41,5 |
Pará | 16,4 | 26,5 |
Sergipe | 15,3 | 25,5 |
Roraima | 2,6 | 24,4 |
Piauí | 21,7 | 24,2 |
Paraíba | 18,9 | 19,4 |
Pernambuco | 7,3 | 15,9 |
Ceará | 15,4 | 15,6 |
Alagoas | 10,1 | 13,5 |
Maranhão | 12,6 | 6,3 |
Fonte: Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizado em 20/02/2024. / *No mesmo período do ano.
Essa alta nacional tem levado estados e capitais a decretarem estado de emergência em saúde. O último foi Belo Horizonte, no sábado. A medida vale por um período de seis meses, mas pode ser prorrogada. Até agora, já anunciaram o status:
Belo Horizonte;
Rio de Janeiro (capital);
Florianópolis;
Minas Gerais;
Acre;
Goiás e
Distrito Federal
Além disso, após divulgar que o número de casos de dengue em 2024 já é 650% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina afirmou que o estado também deve decretar emergência.
O status, de acordo com definição do Ministério da Saúde, é “o emprego urgente de medidas de prevenção, de controle e de contenção de riscos, de danos e de agravos à saúde pública em situações que podem ser epidemiológicas (surtos e epidemias), de desastres, ou de desassistência à população”.
A medida é considerada especialmente por diminuir burocracias e permitir uma maior agilidade nas ações voltadas a conter os casos da doença. Nesta semana, por exemplo, o Ministério Saúde anunciou que destinará um montante extra de R$1,5 bilhão às localidades em situação de emergência para o combate à arbovirose.
Antes da capital mineira, o último local havia sido a capital fluminense, em 5 de fevereiro. Segundo o painel do município sobre a dengue, já são 28.372 diagnósticos neste ano, mais do que os 22.779 contabilizados durante todo 2023.
Dois dias antes, em 3 de fevereiro, o governo estadual de Goiás também implementou o cenário de alerta enfatizando que, até aquela data, haviam sido registrados 22.275 casos e duas mortes por dengue, 58% a mais que o identificado no mesmo período de 2023.
Em Minas, o decreto estadual veio no dia 27 de janeiro. Na semana anterior, o governo de Brasília, ao instaurar a emergência, enfatizou que, do dia 1º ao 20 de janeiro, houve um aumento de 646,5% de casos de dengue na região em relação ao mesmo período do ano anterior.
Antes, em 5 de janeiro, o governo do Acre, decretou emergência devido ao aumento de todas as arboviroses (dengue, zika e chikungunya) e a superlotação das unidades de saúde. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-AC), o atendimento diário era de mais de 600 pessoas com síndromes febris causadas pelas três doenças no estado.
Ainda no final de 2023, no dia 29 de novembro, a prefeitura de Florianópolis, capital de Santa Catarina, foi a primeira a decretar emergência por já perceber, naquela época, o aumento atípico de casos de dengue. Geralmente, o crescimento da doença ocorre somente a partir de março. Como o texto tem validade de seis meses, o status ainda está valendo.