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Dengue: casos saltaram 324% neste ano, mas 13 estados e DF começam a apresentar tendência de queda

Apenas cinco unidades federativas mantém crescimento de novos diagnósticos da doença

O controle da dengue e do mosquito estão entre os maiores desafios da saúde pública no Brasil O controle da dengue e do mosquito estão entre os maiores desafios da saúde pública no Brasil  - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Até o último dia 30, o Brasil registrou 4,1 milhões de casos de dengue, o recorde da série histórica mantida pelo Ministério da Saúde e 324% a mais do que o mesmo período do ano passado, quando foram 984,4 mil diagnósticos. Porém, em 21 estados e no Distrito Federal, a curva da doença começa a apresentar uma tendência de estabilidade ou de queda.

Segundo informações apresentadas em coletiva de imprensa e no último informe semanal sobre arboviroses pela pasta da Saúde, Brasília e outros 13 estados vivem uma tendência de queda nas novas infecções. São eles: Acre; Amapá; Espírito Santo; Goiás; Minas Gerais; Paraíba; Paraná; Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte; Rondônia; Roraima; Santa Catarina e São Paulo.

Outras 8 unidades federativas apresentam uma estabilidade da dengue: Alagoas; Amazonas; Bahia; Maranhão; Mato Grosso do Sul; Pernambuco; Piauí e Rio Grande do Sul. Já em cinco estados – Ceará; Mato Grosso; Pará; Sergipe e Tocantins – a tendência continua de alta.

O último informe do Ministério mostra ainda que foram contabilizados 2.073 óbitos e 44.754 casos graves de dengue neste ano até o último dia 30, uma alta de 189% e 230%, respectivamente, em relação ao registrado no mesmo período de 2023. Há ainda outras 2.291 mortes em investigação, porém as confirmadas já levam 2024 a ser o ano mais letal da série histórica.

Até agora, o cenário levou 9 estados (Goiás; Minas Gerais; Espírito Santo; Rio de Janeiro; Santa Catarina; Amapá; São Paulo; Rio Grande do Sul e Paraná), além do Distrito Federal, a decretaram status de emergência. Outros 605 municípios, incluindo capitais como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, também adotaram a medida.

Ampliação do método Wolbachia
Na coletiva, o Ministério da Saúde destacou medidas implementadas no enfrentamento à dengue, como a inauguração da Biofábrica Wolbachia, na capital mineira, e o anúncio de uma nova biofábrica que será construída no Ceará.

A instalação permitirá a ampliação do método Wolbachia, que envolve a criação e liberação de mosquitos com a bactéria Wolbachia. O microrganismo é presente em aproximadamente 70% dos insetos, mas não é encontrado naturalmente nos Aedes aegypti.

Porém, quando inserido nos mosquitos, ele impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro deles. Ao serem liberados no ambiente, os mosquitos modificados, apelidados de wolbitos, transmitem a bactéria de linhagem em linhagem. Com isso, reduzem a incidência das doenças na região de forma segura, já que a wolbachia é uma bactéria inofensiva para humanos.

A técnica foi desenvolvida por cientistas da Universidade Monash, na Austrália, junto com o coordenador do programa no Brasil, o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira. Até o momento, foi introduzida em 14 países na Ásia, Oceania e Américas, alcançando quase 11 milhões de pessoas.

No Brasil, desde 2012 a Fiocruz expande o projeto em parceria com o World Mosquito Program (WMP). Até agora, já alcançou Rio de Janeiro e Niterói, no estado fluminense; Campo Grande, no Mato Grosso do Sul; Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Petrolina, em Pernambuco. Até o ano que vem, porém, quase 30 novas cidades serão incluídas na estratégia do Ministério.

Os resultados da implementação da tecnologia têm sido animadores. Um estudo recente, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, avaliou a incidência da dengue dois anos após a liberação dos mosquitos na Indonésia e constatou uma redução de 77% nos casos da doença, e de 86% nas hospitalizações.

Em Niterói, primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia, foi observada, em 2021, um redução de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de Zika. Na época, 75 % do território estava coberto. A estimativa do WMP é que cada real gasto na técnica gera uma economia que vai de R$ 43 a R$ 549, de acordo com um estudo independente realizado nas cidades do Brasil.

Outras medidas

A pasta destacou ainda na coletiva de imprensa que liberou R$ 140 milhões para apoiar estados no combate à dengue; distribuiu 2,67 milhões de doses da vacina para 1.330 municípios, das quais 821.796 foram aplicadas, e que trabalha na construção de um plano para redução de óbitos por dengue que terá a contribuição de especialistas, ainda sem mais detalhes.

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