Vacina

Dengue: com restrição da venda para focar no SUS, como fica para quem ainda não tomou 2° dose?

Farmacêutica disse que vai priorizar o quantitativo necessário para que todos completem o esquema vacinal

Vacina contra a dengueVacina contra a dengue - Foto: Rogério Vidmantas/Prefeitura de Dourados

Nessa segunda-feira (5), a farmacêutica japonesa Takeda, responsável pela vacina contra a dengue Qdenga, disse que vai limitar o fornecimento do imunizante na rede privada e que não vai firmar novos contratos separados para estados e municípios. O objetivo é focar o quantitativo limitado de doses, devido à sua capacidade produtiva, para suprir a campanha no Sistema Único de Saúde (SUS).

O anúncio pode ter pegado de surpresa milhares de brasileiros que, desde julho do ano passado, quando a vacina chegou ao país nas clínicas particulares, começaram o esquema vacinal, mas ainda não receberam a segunda dose – a proteção envolve duas aplicações com o intervalo recomendado de três meses entre elas.

Em nota, porém, a Takeda diz que a limitação do fornecimento da vacina para o mercado privado vai garantir “o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal”.

No grupo Fleury, por exemplo, que engloba marcas como Labs a+, Clínica Felippe Mattoso e LAFE em 12 estados e no Distrito Federal, o estoque já está limitado para garantir a segunda aplicação aos clientes que solicitaram a segunda dose, segundo nota enviada ao GLOBO. Em algumas unidades, porém, não há mais vacinas disponíveis para iniciar o esquema vacinal.

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVA), que registrou um aumento de 110% na vacinação contra a dengue em clínicas privadas em janeiro, diz que entende a complexidade da situação, mas pede soluções rápidas para garantir o abastecimento adequado. “É importante ressaltar que algumas clínicas privadas já relataram a falta do imunizante em algumas regiões devido à alta procura”, afirma a entidade em comunicado.

“A ABCVAC compreende e logicamente apoia as ações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas também ressaltamos o papel fundamental do setor privado complementando o setor público. Expressamos nossa preocupação diante da possível falta da vacina nas clínicas particulares e especialmente em relação às faixas etárias não cobertas pelo setor público” diz Fabiana Funk, presidente do Conselho da ABCVAC.

Quem poderá se vacinar no SUS?
O Ministério da Saúde anunciou recentemente que 521 cidades receberão unidades da vacina para a campanha de 2024 na rede pública, primeira do mundo com o imunizante, prevista para ter início neste mês. Devido ao quantitativo limitado de doses, foram priorizados jovens de 10 a 14 anos residentes de municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue.

Devido às limitações produtivas da Takeda, o acordo com o Ministério da Saúde contempla a entrega de somente 6,6 milhões de doses para a aplicação na campanha do SUS neste ano, o que alcança 3,3 milhões de brasileiros. Para 2025, estão acordadas mais 9 milhões de unidades, suficiente para proteger outras 4,5 milhões de pessoas.

No entanto, com a alta demanda frente ao avanço da dengue, o laboratório diz que está “buscando todas as soluções possíveis para aumentar o número de doses disponíveis no país” e que está “fortemente comprometida em buscar parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina” no Brasil.

Segundo o último informe da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 243.720 casos de dengue nas quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o que revela uma alta de 273% em relação ao ano passado.

Além disso, a Takeda tem um plano estratégico para que o fornecimento global da Qdenga chegue a 100 milhões de doses por ano até 2030. Para isso, está construindo um novo centro de produção de vacinas em Singen, na Alemanha, que deve ser lançado no ano que vem.

Na rede privada, a dose é encontrada por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do Globo. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

A Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março de 2023 para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

Recentemente, o Instituto Butantan publicou dados da última etapa dos estudos do seu imunizante, aplicado em dose única e que poderá ser produzido no Brasil. A eficácia foi de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo de um período de dois anos, semelhante à da Qdenga.

A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa neste ano para, se receber o sinal verde, a dose ser disponibilizada a partir de 2025.

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