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SAÚDE

Dengue: para priorizar SUS, farmacêutica não vai mais vender vacina a clínicas privadas e municípios

Diante dos "dos dados alarmantes da dengue no Brasil", empresa informa que vai entregar imunizantes apenas para suprir segunda dose na rede privada e respeitar acordos firmados

A vacina contra a dengue QdengaA vacina contra a dengue Qdenga - Foto: Divulgação/Takeda

A farmacêutica japonesa Takeda, que produz e comercializa a vacina da dengue, anunciou nesta segunda-feira (5) que não vai mais oferecer o imunizante às clínicas privadas, para priorizar o Sistema Único de Saúde (SUS).

"A Takeda informa que não está disponível para firmar contratos de forma descentralizada para atendimento a Estados e Municípios e que o fornecimento da vacina contra a dengue, Qdenga®, no mercado privado brasileiro, será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal."

Ou seja, a empresa oferecerá ao mercado privado apenas as doses suficientes para completar o esquema vacinal definido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que são duas doses com intervalo de 3 meses.

"A Takeda informa que, diante do atual cenário da inclusão da vacina Qdenga® no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e dos dados alarmantes da dengue no Brasil, a empresa está concentrada em atender de forma prioritária ao Ministério da Saúde. Essa decisão pretende apoiar o Ministério da Saúde no seu propósito de promover o acesso da vacina contra a dengue de forma integral e gratuita para a população brasileira."

A farmacêutica informa que tem garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025.

"Em paralelo, estamos buscando todas as soluções possíveis para aumentar o número de doses disponíveis no país, e não mediremos esforços para isso. A Takeda possui um plano estratégico para incrementar o fornecimento global da vacina Qdenga® e atingir a meta de 100 milhões de doses por ano até 2030, o que inclui um novo centro global dedicado à produção de vacinas, em Singen (Alemanha), previsto para lançamento em 2025", afirmou a empresa em comunicado.

"Além disso, a Takeda Brasil está fortemente comprometida em buscar parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina, alinhada às diretrizes do Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) para atender a demanda do SUS sob os princípios de integralidade e da universalidade", disse.

Rede privada x sistema público
A vacina Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março do ano passado para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, as duas doses demonstraram uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

Até esta segunda-feira, as doses estavam disponíveis em laboratórios, clínicas de vacinação e farmácias, por valores entre R$ 350 e R$ 490. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

O Ministério da Saúde anunciou recentemente que 521 cidades receberão unidades da vacina da farmacêutica japonesa Takeda, para a campanha de 2024 na rede pública, primeira do mundo com o imunizante.

Devido ao quantitativo limitado de doses que o laboratório consegue produzir, nesse primeiro momento foram priorizados jovens de 10 a 14 anos residentes de municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão de dengue. A previsão é que a campanha comece oficialmente neste mês.

De acordo com o ministério, o grupo etário é o que mais sofre com internações pela doença depois dos idosos, por isso foi o escolhido – além de seguir recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos especialistas independentes que orientam a pasta.

Dengue chega a níveis recordes
Segundo o último informe da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 243.720 casos de dengue nas quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o que revela uma alta de 273%.

O crescimento chama atenção especialmente pelos aumentos já alarmantes nos últimos dois anos. Em 2023, o país bateu o recorde de mais mortes causadas pela doença. Foram 1.094 óbitos confirmados, o que superou o ano anterior, 2022, quando contabilizou 1.053 vidas perdidas.

 

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