Depoimento da esposa de Pedro Sánchez, investigada por corrupção, é adiado
Fora do tribunal, algumas pessoas protestavam contra Gómez com bandeiras da Espanha e cartazes que a chamavam de "mafiosa"
O depoimento perante o juiz da esposa do presidente do governo espanhol, Begoña Gómez, investigada por suposta corrupção e tráfico de influências, foi adiado para 19 de julho, o que prolonga um assunto que se tornou um pesadelo para Pedro Sánchez.
No início da audiência, o advogado de Gómez alegou que não foi notificado de uma das denúncias contra sua cliente, por isso o juiz ordenou a suspensão do depoimento para que pudesse preparar a defesa, segundo fontes judiciais.
Gómez havia chegado momentos antes ao tribunal situado no norte de Madri, onde entrou secretamente entre os inúmeros jornalistas instalados à porta.
Leia também
• Juízes repreendem Pedro Sánchez por suas críticas
• Tribunal espanhol convoca esposa de Pedro Sánchez a depor como investigada em 5 de julho
Fora do tribunal, que estava sujeito a rigorosas medidas de segurança, algumas pessoas protestavam contra Gómez com bandeiras da Espanha e cartazes que a chamavam de "mafiosa".
O caso concentra-se nos contratos públicos adjudicados ao empresário Juan Carlos Barrabés, que mantinha relações profissionais com Begoña Gómez.
Mas o presidente do governo espanhol defende a inocência da esposa, alegando que "não há nada" no dossiê contra ela e enquadrou a questão como uma "estratégia judicial de perseguição e demolição" do Executivo de esquerda.
Gómez "está perfeitamente bem, como estão as pessoas que são inocentes, embora isso não seja agradável para ninguém", disse seu advogado, Antonio Camacho, aos repórteres no final da audiência.
"Falta de ética e estética"
Junto à anistia aos separatistas catalães, o caso de Gómez é alvo de ataques da oposição de direita há semanas, que não perde a oportunidade de criticar Sánchez, cujo irmão também está sendo investigado em um outro caso.
Os negócios de Gómez "não podem afetar a causa pública, porque independentemente do processo judicial, a falta de ética e de estética que foi cometida (...) com o conhecimento do presidente do governo é extraordinariamente grave", afirmou nesta sexta-feira Borja Sémper, porta-voz do conservador Partido Popular, o principal da oposição.
"O que todos os espanhóis esperam é que Pedro Sánchez se declare perante a opinião pública espanhola e dê explicações, e diga-nos por que é que, sabendo que isso estava acontecendo, não fez nada", sublinhou em uma entrevista à rede Telecinco.
Por sua vez, a porta-voz do governo Pilar Alegría reiterou um dos argumentos da defesa: que o caso emana de "uma denúncia falsa" de duas organizações ligadas à extrema direita.
Face ao adiamento do depoimento, o ministro da Justiça, Félix Bolaños, estimou que Gómez sofre de "indefesa" e que era "lógico que os cidadãos se perguntariam por que (o caso) se prolonga desnecessariamente e o que se pretende".
No final de abril, o anúncio da abertura da investigação preliminar contra Gómez provocou um terremoto político. Para surpresa geral, Sánchez anunciou então que estava pensando em renunciar e levou cinco dias para refletir e tomar uma decisão. Por fim, ele permaneceu no poder.