Deputado da Venezuela pede prisão de adversário de Maduro nas eleições
González Urrutia, 75 anos, foi convocado para depor no MP em três graças
O Ministério Público (MP) da Venezuela solicita, nesta segunda-feira (2), a prisão de Edmundo González Urrutia, adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de julho, das quais o chefe de governo foi proclamado vencedor em meio a denúncias de fraude feito pela oposição.
O MP divulgou nas redes sociais uma cópia da solicitação a um tribunal com jurisdição sobre terrorismo da "ordem de apreensão contra o cidadão Edmundo González Urrutia" por supostos crimes relacionados às eleições, que incluem "desobediência das leis", "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem".
González Urrutia, 75 anos, foi convocado para depor no MP em três graças. Não compareceu a nenhuma delas, embora a terceira tenha coincidido com um apagão em todo o país na última sexta-feira, 30 de agosto.
Leia também
• Venezuela restabelece eletricidade após mais de 12h de apagão, que governo disse ser "sabotagem"
• Após indireta de Maduro, Lula reitera não reconhecer 'vitória dele e nem da oposição' na Venezuela
• Venezuela sofre apagão, governo denuncia "sabotagem"
O diplomata - em clandestinidade desde 30 de julho - argumentou que o deputado estava participando como um "acusador político", que o submeteria a um processo "sem garantias de independência e do devido processo".
As convocações foram focadas em um site no qual a oposição publicou cópias de mais de 80% das atas de votação, arquivos que reivindicam a vitória de González Urrutia em 28 de julho e a fraude de Maduro.
Os documentos foram desconsiderados pelo chavismo, e o corte suprema tentou uma investigação após validar o resultado oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou Maduro como vencedor do pleito com 52% dos votos. Não foi publicado, no entanto, o detalhamento da contagem mesa por mesa, como exige a lei.
Maduro pediu que González Urrutia e a líder da oposição María Corina Machado, também na clandestinidade, fossem presos. O presidente os responsabiliza por atos de violência nas manifestações pós-eleições que resultaram em 27 mortos - dois deles militares -, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, já anunciou uma investigação criminal contra ambos por “incitação à insurreição” militar, após um apelo aos militares para que reconhecessem a vitória de González Urrutia.