Coroa

Deputados de Quebec se recusam a prestar juramento ao rei Charles III

De acordo com a lei constitucional do Canadá, deputados em nível federal ou provincial devem jurar lealdade a monarquia britânica

Charles III em Londres Charles III em Londres  - Foto: Daniel Leal / AFP

Um grupo de deputados de Quebec, eleitos recentemente nas eleições provinciais se recusaram, nesta quarta-feira (19), a jurar lealdade ao rei Charles III, chefe de Estado do Canadá, como determina a Constituição.

Onze deputados do partido de esquerda Quebec Solidário prestaram juramento em um discurso transmitido pela televisão "para o povo de Quebec", mas não quiseram fazer o juramento que os vincula à coroa britânica, sob o risco de não poder ocupar seus assentos na Assembleia Nacional de Quebec no fim de novembro.

O porta-voz do seu partido, Gabriel Nadeau-Dubois, assegurou em coletiva de imprensa que eles tinham agido "com total conhecimento de causa".

"Fez-se campanha para mudar de era em Quebec e se nos enviaram ao Parlamento, é para abrir uma porta", acrescentou.

Segundo a lei constitucional do Canadá, qualquer deputado em nível federal ou provincial deve prestar juramento de lealdade à monarquia britânica para poder exercer seu mandato.

Jurar lealdade à coroa britânica sempre foi um motivo de conflito em Quebec, uma província majoritariamente francófona, que celebrou dois referendos, em 1980 e 1995, para se separar do restante do Canadá. Nas duas ocasiões, a maioria votou pelo não à independência.

Paul St-Pierre Plamondon, líder do partido, informou na semana passada que se tratava de "um conflito de interesses", pois "não se pode servir a dois senhores". Além disso, segundo ele, a monarquia custa "67 milhões de dólares canadenses a cada ano" e esse juramento é uma "recordação da dominação colonial".

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reafirmou nesta quarta que "não havia um quebequense" que quisesse "reabrir a Constituição".

De fato, abolir a monarquia requer reescrever a Constituição e a aprovação unânime do Parlamento e de dez governos das províncias canadenses, o que pode levar anos.

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