Deputados derrubados de Mianmar formam governo paralelo
Formou-se, no país, um grupo de resistência que representa o órgão legislativo birmanês, composto por deputados destituídos
Um grupo de deputados derrubados pelo golpe da junta militar em Mianmar anunciou, nesta sexta-feira (16), a formação de um governo paralelo destinado a restaurar a democracia, liderado pela ex-líder Aung San Suu Kyi.
Mianmar está mergulhada no caos desde que uma junta militar deu um golpe de Estado em 1º de fevereiro.
O movimento de desobediência civil, que reivindica a restauração da democracia e uma maior participação das minorias étnicas no poder, foi duramente reprimido pela junta. Até agora, são mais de 720 mortes e 3.600 prisões.
Desde então, formou-se um grupo de resistência, o CRPH, que representa o órgão legislativo birmanês. Ele é composto por deputados destituídos, a maioria militantes da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi.
Nesta sexta, o grupo anunciou a formação de um Executivo paralelo, batizado de "governo de unidade nacional", tendo à frente Suu Kyi, como conselheira de Estado, e o presidente da República, Win Myint.
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Ambos foram presos no dia do golpe e se encontram em prisão domiciliar desde então.
O governo paralelo também conta com um vice-presidente (membro da etnia Kachin) e com um primeiro-ministro (da etnia Karen), declarou o líder pró-democracia Min Ko Naing em uma mensagem publicada na página do CRPH no Facebook.
"Organizamos um governo com o maior número de grupos étnicos minoritários", indicou.
Entre os ministros, estão líderes das etnias Shan, Mon, Karen e Ta'ang.