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América do Sul

Deputados paraguaios pedem destituição de ministro e chefe de polícia por morte de colega

Deputado Eulalio Gomes morreu durante uma batida na casa dele

Ambulância leva o corpo Eulalio GomesAmbulância leva o corpo Eulalio Gomes - Foto: Daniel Duarte/AFP

Deputados paraguaios aprovaram por maioria, nesta terça-feira (20), um pedido de destituição do ministro do Interior e do chefe de polícia, após a morte do legislador governista Eulalio Gomes durante uma batida em sua casa, na qual tiros foram registrados.

Em sessão plenária da Câmara dos Deputados, os congressistas condenaram o que consideraram "um assassinato" e aprovaram uma declaração pedindo a destituição do chefe de polícia, Carlos Benítez, e do ministro do Interior, Enrique Riera, "por mau desempenho de suas funções".

"Estamos diante de um terrorismo de Estado. Foi a execução de um legislador em um procedimento que tem mais sombras do que luzes", expressou o deputado opositor Diosnel Aguilera.

Gomes, um rico pecuarista do nordeste paraguaio, foi morto na segunda-feira por agentes antidrogas em um procedimento autorizado por um juiz que investiga os laços do parlamentar com narcotraficantes brasileiros. Ele tinha 67 anos e pertencia ao Partido Colorado (conservador), que governa o país.

A família do deputado apresentou, na tarde desta terça, uma denúncia de "homicídio doloso" junto ao Ministério Público.

"Queremos a abertura de uma linha investigativa e que sejam identificados os agentes que intervieram na batida", disse o advogado demandante Oscar Tuma.

O procurador-geral, Emiliano Rolón, afirmou que a investigação, que está em andamento, deve esclarecer "a morte ocorrida durante a invasão policial".

No entanto, o presidente paraguaio, Santiago Peña, apoiou mais cedo o trabalho do ministro Riera e do chefe de polícia.

"Minhas condolências à família de Lalo Gomes e a seus colegas da Câmara de Deputados. A Polícia cumpriu a ordem de um juiz. Reafirmo meu compromisso com o trabalho das instituições. Apoio o ministro do Interior", disse Peña à imprensa.

De forma mais direta, o vice-presidente, Pedro Allianza, expressou, em declarações à imprensa, seu desacordo com a decisão da Câmara, tomada "antes de esgotadas as investigações".

"Repelidos com disparos"
O presidente do Senado, o governista Basilio Núñez, também pediu prudência e anunciou uma sessão extraordinária reservada da Câmara alta para a quarta-feira, na qual são aguardados o ministro do Interior, o chefe de polícia e o procurador-geral.

Na segunda-feira, o delegado Benítez informou que foram executados dois mandados de busca nas propriedades de Gomes na cidade de Pedro Juan Caballero, a 550 km a nordeste de Assunção, na fronteira terrestre com o Brasil, e disse que em ambos houve disparos, que foram respondidos pelos policiais.

"Os envolvidos foram repelidos com disparos e responderam ao fogo, ferindo mortalmente o parlamentar", explicou Benítez.

A ordem de busca foi assinada por um juiz para a captura "de pessoas suspeitas de fazer parte de um esquema de lavagem de ativos provenientes do narcotráfico e associação criminosa".

Entre as pessoas procuradas estava Alexandre Gomes, filho do político, que escapou, mas depois se entregou às autoridades, segundo o boletim policial.

O chefe de Polícia esclareceu que não havia previsão para prender Eulalio Gomes, que gozava de imunidade parlamentar, mas sim para apreender documentos relacionados à investigação.

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