Danos ambientais

Derramamento de petróleo afeta uma reserva ambiental e um rio na Amazônia equatoriana

Com 403 mil hectares, o Parque Nacional Cayambe-Coca abriga uma grande variedade de fauna e é uma importante reserva hídrica

Foto divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente do Equador, um derramamento de óleo ocorreu em Piedra Fina, Equador, em 29 de janeiro de 2022Foto divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente do Equador, um derramamento de óleo ocorreu em Piedra Fina, Equador, em 29 de janeiro de 2022 - Foto: Ministério do Meio Ambiente do Equador / AFP

O derramamento de petróleo que afeta a Amazônia equatoriana desde sexta-feira atingiu um dos rios que abastecem comunidades indígenas e contaminou parte de uma grande reserva ambiental de 400 mil hectares. 

"Os danos estão dentro do Parque Nacional Cayambe-Coca", disse o Ministério do Meio Ambiente nesta segunda-feira (31) em um primeiro relatório sobre o alcance da emergência. 

Com 403 mil hectares, o parque abriga uma grande variedade de fauna e é uma importante reserva hídrica. 

Fundada em 1970, a reserva está localizada no nordeste do Equador e se estende pelas províncias andinas de Pichincha (cuja capital é Quito) e Imbabura, além das províncias amazônicas de Sucumbíos e Napo. As duas últimas concentram 75% da área protegida. 

De acordo com o ministério, em princípio há dois hectares afetados pelo derramamento de óleo, que também atingiu o rio Coca, um dos principais da Amazônia e que abastece as aldeias indígenas. 

A emergência ambiental ocorreu em decorrência do rompimento do Oleoduto de Petróleo Pesado (OCP), de propriedade de empresas privadas e que transporta cerca de 160 mil barris por dia (bd). 

Sua capacidade máxima é de 450.000 bd. O mau tempo na região lançou grandes pedras que caíram no tubo em um local chamado Piedra Fina, a 80 km de Quito, na fronteira das províncias amazônicas de Napo e Sucumbíos. 

Juntamente com o Sistema Transequatoriano de Oleodutos (SOTE), estatal, o OCP conecta os poços amazônicos a portos da província de Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia.

Sem quantificar

Nem o governo equatoriano nem a empresa OCP Ecuador quantificaram o vazamento, nem especificaram se já o controlaram. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente antecipou que se trata de um derramamento de "magnitude". 

"Nossa equipe monitora 210 km do rio Coca e seus afluentes e coordena o desenvolvimento de contenção e remediação onde são identificados vestígios de hidrocarbonetos", acrescentou em seu comunicado desta segunda-feira. 

Comitês de emergência também foram ativados nas províncias de Napo e na vizinha Orellana para "garantir água potável para o consumo da população". Organizações indígenas e ONGs ambientais denunciaram os danos aos mananciais. 

"Exigimos saber o número de barris derramados e qual será o processo de entrega de água e alimentos para as comunidades. É evidente que a água do rio não pode ser usada ou consumida", disse a Confederação de Povos Indígenas da Amazônia Equatoriana no Twitter. 

A emergência no Equador é a segunda a afetar ecossistemas na América do Sul nos últimos 15 dias, após o vazamento de petróleo bruto na costa central do Peru que foi descrito como um "desastre ecológico" pelo governo peruano. 

No Equador, entretanto, a OCP informou no domingo que começou a reparar o oleoduto, para o qual "o petróleo bruto foi coletado em tanques de retenção para ser transferido para a estação Lago Agrio [capital de Sucumbíos] por caminhões-tanque". 

No setor Piedra Fina, o OCP e o SOTE realizaram obras para mitigar a erosão do solo causada por um rio em dezembro. 

Em maio de 2020, nessa mesma área, um colapso destruiu trechos do SOTE, do OCP e de um gasoduto estadual. 

Em seguida, um vazamento de cerca de 15 mil barris atingiu três rios amazônicos e afetou as populações ribeirinhas.

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