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Desaparecimento do Twitter seria má notícia para opositores e ativistas políticos

A rede social desempenha um papel fundamental na promoção de fenômenos sociais

Twitter e Elon MuskTwitter e Elon Musk - Foto: Samuel Corum / AFP

Da Primavera Árabe aos atuais protestos no Irã, passando pelos movimentos #Metoo e #Blacklivesmatter, o Twitter se estabeleceu como uma plataforma global para ativistas e opositores políticos, que correm o risco de perder uma importante ferramenta de mobilização se a rede desaparecer.

Existem outras plataformas, mas o Twitter "é claramente muito influente em permitir que a mídia e os líderes prestem atenção ao que acontece no mundo", disse à AFP Mahsa Alimardani, pesquisadora da organização de defesa da liberdade de expressão Article 19.

No Irã, "é o único acesso real a vozes e eventos, na ausência de correspondentes estrangeiros e jornalistas independentes que possam informar sobre o que está acontecendo".

O Twitter, em que informações verdadeiras e falsas são compartilhadas o tempo todo, tinha cerca de 237 milhões de usuários diários no final de junho, muito menos que o Facebook (1,98 bilhão), TikTok (mais de um bilhão) e Snapchat (363 milhões).

A rede social desempenha um papel fundamental na promoção de fenômenos sociais como o #Metoo, para denunciar a violência sexual, ou #Blacklivesmatter, para denunciar a violência policial contra pessoas negras nos Estados Unidos.

"As características do Twitter permitem dar uma identidade aos movimentos de protesto, criar um sentimento comum ao compartilhar memes e hashtags", explicou à AFP Marcus Michaelsen, pesquisador independente especializado em ativismo e vigilância online.

Além disso, os ativistas têm acesso fácil a "jornalistas e líderes políticos, mais diretamente do que em outras redes, como o Instagram", diz ele.

"O Twitter se estabeleceu como um lugar para informar os acontecimentos. (...) Muitos usuários do Twitter se veem como 'jornalistas cidadãos' e assumem a responsabilidade de informar sobre os fatos, geralmente com dados concretos e um fluxo de vídeos e imagens", escreve a ativista britânico-egípcia Nadia Idle no prefácio de seu livro "Tweets from Tahrir", com o co-autor Alex Nunns.

No entanto, desde que foi comprado pelo bilionário Elon Musk, a rede do pássaro azul foi profundamente desestabilizada e inclusive ameaçada de extinção, para o grande desgosto de muitos usuários, que às vezes levam anos para construir uma audiência.

"É difícil descrever o valor que o Twitter adquiriu nos últimos dez anos. (...) Nem é preciso dizer que enquanto Elon Musk leva o Twitter à sua própria destruição, os únicos a se alegrar são as piores ditaduras e criminosos de guerra mundo", tuitou Charles Lister, membro do think-tank Middle East Institute de Washington, na semana passada.

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