Desativação da Penitenciária Barreto Campelo atrai construtoras, que já pensam em investir na região
A Folha de Pernambuco entrevistou o presidente da Rede Imóveis Pernambuco, André Rocha, que revelou perspectiva de crescimento do setor imobiliário da cidade
Com a desativação e futura demolição da Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC), na Ilha de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, construtoras já buscam por consultoria pensando em futuros investimentos na região.
Quem revelou a informação foi o presidente da Rede Imóveis Pernambuco, André Rocha, que, em entrevista à Folha, também contou que prevê um crescimento do setor imobiliário da ilha.
"A desativação é muito positiva. Vai aquecer e valorizar a região. Com a informação, várias construtoras e investidoras já nos procuraram, enquanto consultores, em busca de informação sobre a área para futuros investimentos e empreendimentos no mercado imobiliário da Ilha de Itamaracá. Isso beneficia não só o setor, como também a população", afirmou.
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André Rocha também é diretor da imobiliária Rocha Imóveis, vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (Sindimóveis-PE) e diretor do Sindicato da Habitação (Secovi-PE).
À reportagem, ele explicou que essa etapa de consultoria é muito importante para estabelecer o contato com as imobiliárias, e que os profissionais do ramo recomendam investimento não só na Ilha de Itamaracá, como também no Litoral Norte como um todo.
No caso específico da Itamaracá, segundo o especialista, há um grande potencial em diversas áreas e tipos de empreendimentos. O impacto, de acordo com ele, já deverá ser visto a partir do segundo semestre de 2026.
"Fomos procurados por construtoras para conversar sobre possíveis investimentos, principalmente para construção de condomínios e privês, por conta da orla de Itamaracá. O local precisa ser melhor cuidado, mas continua com grande potencial e é muito procurado por turistas. Então temos a expectativa de que, com essa notícia, anúncios sejam feitos já no segundo semestre do ano que vem", disse.
Segurança
Para André Rocha, a desativação da penitenciária, que estava há mais de cinco décadas no município, é o primeiro passo dado pelo Governo do Estado para o aumento da segurança na região.
"Foi uma decisão acertada. O pessoal pedia isso há muito tempo. Ter um presídio numa área turística é muito negativo. A desativação passa mais segurança para o pessoal. Já tivemos casos de grande violência. Não podemos generalizar, claro, mas é um fato. E não dependemos só da desativação, porque agora precisamos de uma organização e desenvolvimento da prefeitura e atenção do Governo do Estado para o Litoral Norte", completou.
Demolição
Após mais de cinco décadas de funcionamento, o presídio foi desativado na manhã dessa terça-feira (1°). No mesmo dia, em agenda na Advocacia Geral da União, a governadora Raquel Lyra afirmou o plano de demolição do ponto. Ainda não foi anunciado quando isso vai acontecer ou o que vai ocupar a área do presídio.
"Acabamos de desmobilizar a Penitenciária Barreto Campelo em Itamaracá. Vamos demolir aquela penitenciária. Recebemos o Estado de Pernambuco com a condenação da Corte Interamericana de Direitos Humanos tendo um dos piores sistemas penitenciários do Brasil, e com apoio do Governo Federal e decisão do nosso governo, temos conseguido fazer esse processo de reconstrução", afirmou a governadora.

Desativação por problemas estruturais
A Barreto Campelo foi inaugurada em 13 de dezembro de 1973, e desempenhou papel relevante no sistema prisional da RMR por mais de cinco décadas. A penitenciária de Itamaracá, como era mais conhecida, era a única unidade prisional masculina de regime fechado localizada na ilha. O município tem ainda a Penitenciária Agroindustrial São João, que funciona em regime semiaberto.
Algumas das razões que motivaram a desativação da Penitenciária Professor Barreto Campelo pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) são as condições estruturais precárias em pavilhões, áreas de vivência e setores administrativos e de apoio, agravadas pela ausência de manutenção preventiva e corretiva.
Há destaque, ainda, para problemas no sistema de esgoto e deterioração das estruturas da muralha e passarelas.
“Considero um grande avanço para o sistema prisional do estado, pois a desativação da Barreto Campelo significa cuidado e respeito com a população privada de liberdade e os profissionais que lá trabalhavam. Vamos seguir com todas as mudanças necessárias ao processo de ressocialização do apenado”, ressaltou o secretário da Seap, Paulo Paes.
A unidade prisional é composta de 640 vagas masculinas, com 472 presos recolhidos sob o regime fechado. Eles foram transferidos na terça para outros estabelecimentos penais da Região Metropolitana do Recife (RMR).
A mobilização de segurança para a transferência aconteceu em uma ação integrada entre 115 policiais penais, 12 policiais civis, 332 policiais militares, além do Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e serviços de inteligência. A ação conta ainda com monitoramento por drones e câmeras.