Meio Ambiente

Desmatamento reduz chuvas em zonas tropicais, revela estudo

O estudo foi divulgado na reunião One Forest Summit, que reúne cientistas e líderes políticos no Gabão

Desmatamento na AmazôniaDesmatamento na Amazônia - Foto: Florian Plaucheur/ AFP

O desmatamento em larga escala de regiões de floresta, como a Amazônia, a Bacia do Congo e o Sudeste Asiático, reduz as chuvas tropicais, aponta um estudo publicado nesta quinta-feira (2) na revista "Nature".

A área de maior risco é a Bacia do Congo, ameaçada por um desmatamento veloz, onde o regime de chuvas pode diminuir 10% até o fim do século, segundo os pesquisadores. "Poderíamos chegar a um ponto em que as florestas tropicais já não poderão se renovar", indicou o autor principal do texto, Callum Smith, da Universidade de Leeds.

Smith e seus colegas coletaram dados de satélite entre 2013 e 2017 nos biomas amazônico, congolês e do Sudeste Asiático, e comprovaram que o desmatamento maciço interrompe o ciclo da água e reduz significativamente as chuvas, principalmente nas temporadas úmidas. Isso acontece porque as folhas das árvores liberam vapor d'água, o que pode provocar chuvas localizadas.

Pesquisas anteriores sugeriam que o desmatamento em pequena escala poderia aumentar as chuvas em algumas regiões, mas, se for praticado em larga escala, "há menos umidade chegando à atmosfera, o que reduz as precipitações", explicou Smith.

O cientista ressaltou que a recuperação de florestas destruídas pode reverter esse fenômeno, e pediu um aumento dos esforços de preservação. Na Amazônia, maior bioma tropical do planeta, as mudanças climáticas, associadas ao desmatamento, podem levar a um "caminho sem volta" que aproximaria a floresta de um estado de savana.

Estudos já mostraram a importância das florestas tropicais para o clima do planeta (uma vez que absorvem uma grande quantidade de gases de efeito estufa), mas o impacto do desmatamento nos climas locais só havia sido observado em algumas regiões específicas.

O estudo foi divulgado na reunião One Forest Summit, que reúne cientistas e líderes políticos no Gabão com o objetivo de encontrar respostas, principalmente, para os desafios da Bacia do Congo, segundo maior bioma de floresta tropical do planeta.

O desmatamento naquela região está acelerando, devido ao desenvolvimento da pecuária, da indústria madeireira e do cultivo de palma e soja, que também têm grande impacto nas comunidades nativas. A diminuição das chuvas poderia, no entanto, afetar o rendimento dos cultivos, e a seca aumentaria, ao mesmo tempo, a frequência dos incêndios florestais, alertaram os especialistas.

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