Desmonte da UNRWA aceleraria fome em Gaza, alerta seu chefe
As Nações Unidas demitiram imediatamente os funcionários apontados e iniciaram uma investigação interna
O desmantelamento da criticada Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) elevaria o risco de fome na Faixa de Gaza e de condenar uma geração de crianças "à desesperança", advertiu nesta quarta-feira (17) o seu chefe, Philippe Lazzarini.
"O desmantelamento da UNRWA terá repercussões duradouras", disse Lazzarini ao Conselho de Segurança da ONU. "A curto prazo, piorará a crise humanitária em Gaza e acelerará a fome", destacou.
A agência, que emprega mais de 30 mil pessoas na região (nos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia, além de Líbano, Jordânia e Síria), é acusada por Israel de ter "mais de 400 terroristas" entre seus funcionários em Gaza.
Além disso, 12 de seus funcionários foram acusados de estarem diretamente envolvidos no ataque sem precedentes perpetrado em 7 de outubro pelo grupo islamista Hamas em solo israelense.
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As Nações Unidas demitiram imediatamente os funcionários apontados e iniciaram uma investigação interna.
Após as acusações israelenses, cerca de quinze países - incluindo os Estados Unidos, o principal doador - anunciaram a suspensão de seu financiamento à UNRWA.
O ataque do Hamas deixou 1.160 mortos, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Em resposta, Israel lançou sua ofensiva em Gaza.
De acordo com Lazzarini, a agência, criada pela Assembleia Geral da ONU em 1949, "é a espinha dorsal das operações humanitárias" em Gaza. Ele denunciou uma campanha "insidiosa" para encerrar suas operações.
A fome já ameaça o norte da Faixa, onde cerca de 34 mil pessoas, a maioria civis, morreram desde o início da ofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde do enclave governado pelo Hamas.
"A longo prazo, isso ameaçaria a transição de um cessar-fogo para o 'dia seguinte', privando uma população traumatizada de serviços essenciais", insistiu o chefe da agência, que administra escolas e hospitais em Gaza.
"Tornaria quase impossível a imensa tarefa de levar de volta à escola quase meio milhão de meninas e meninos profundamente afetados pelo conflito", acrescentou.