Desmonte das universidades federais é discutido em audiência pública no Recife
O corte orçamentário ameaça funcionamento da UFPE E UFRPE até final de 2021
O desmonte das universidades públicas federais e o impacto nas cidades, foi tema debatido em uma audiência pública realizada pela Câmara Municipal do Recife nesta quarta-feira (2). Requerida pela vereadora Cida Pedrosa (PC do B), a audiência ficará disponível no canal da Câmara no Youtube, a TV Web CM Recife.
No período em que a ciência está em evidência, com a produção das vacinas contra Covid-19, a não valorização do saber científico e a percepção da sociedade sobre a importância do assunto, foi tema discutido na audiência, assim como a maneira que o fechamento das instituições pode afetar o desenvolvimento do Estado na missão de promover o ensino e pesquisa.
Segundo a vereadora Cida Pedrosa, a universidade não pertence somente a quem frequenta o espaço universitário, como alunos, professores e funcionários, mas sim há um entrelace entre as universidades e a cidade, enriquecendo as comunidades em que elas estão inseridas. “A quebra de uma universidade é a quebra de um ciclo virtuoso de ciência, tamanho dessa quebra não pode anunciar o quanto vai trazer prejuízo para o desenvolvimento do país, do Estado e das cidades”, destacou Cida Pedrosa.
Os atendimentos de saúde oferecidos pelo Hospital das Clínicas e o atendimento a animais da Região Metropolitana do Recife, assegurado pelo Hospital Veterinário no Campus Dois Irmãos, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), estão entre as ações que serão prejudicadas.
“Além das questões específicas, estamos falando em privar a inclusão de parte da sociedade que foi excluída por muito tempo da oportunidade de ter uma profissão, se formar, construir conhecimentos técnicos e de cidadania, que vai impactar em todos os aspectos da cidade do Recife. Na questão da segurança, economia e educação”, disse o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marcelo Carneiro Leão.
Com o menor orçamento dos últimos dez anos, a UFRPE e a UFPE estão em estado de alerta com os cortes de verbas. Os cortes gerais de 20% no orçamento e o contingenciamento de verbas promovidos pelo governo Bolsonaro, pode interromper o funcionamento das atividades ainda em 2021.
De acordo com o reitor da UFPE, Alfredo Gomes, é de grande importância a preservação das universidades. “A juventude é responsável, junto com as instituições centrais da república, pelos processos de desenvolvimento econômico, político, cultural, social, ambiental e artístico. Essa visão sistêmica da universidade, enquanto esse patrimônio central precisa ser preservado e nossa luta é pela reafirmação desse processo”, disse.
Leia também
• No Recife, audiência pública debate o contingenciamento de verbas das universidades federais
• Governo libera R$ 2,6 bi para universidades federais, que precisam de mais R$ 1 bi
• Estudantes de 35 universidades devem apresentar pedido de impeachment de Bolsonaro à Câmara
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, as universidades possuem papel fundamental em contribuir para resolver problemas sociais, diminuindo as desigualdades.
“A gente tem que entender que a defesa da universidade não deve ser exclusividade apenas dos setores que a compõe diretamente, ela é de interesse da sociedade, porque quando uma universidade tem recurso e desenvolve uma pesquisa, e essa pesquisa nos traz inovações, ela contribui para o desenvolvimento da sociedade como um todo”, disse.