Detento da Penitenciária de Itamaracá tira 900 no Enem 2020
“A Falta de Empatia nas Relações Sociais no Brasil” foi o tema da redação para Pessoas Privadas da Liberdade
Ironildo Rodrigues de Melo, 42 anos, obteve o melhor desempenho na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio 2020 na modalidade para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL/2021). O detento da Penitenciária Agroindustrial São João (PAISJ), em Itamaracá, do regime semiaberto, atingiu a nota 900 no teste que teve como tema proposto “A Falta de Empatia nas Relações Sociais no Brasil”.
De acordo com a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), do total de 1.273 pessoas privadas de liberdade inscritas no exame, Ironildo obteve a maior média na disciplina em todo o Estado.
O reeducando, que faz parte do sistema prisional de Pernambuco há sete anos, é solteiro, pai de um filho adolescente e relata que pensa em cursar Matemática ou Ciências da Computação. Ele conta que se inscreveu em 2014, porém foi preso, o que o desestimulou a participar. “A prisão me deixou muito triste e não tive ânimo para estudar, assim passei uns três anos da minha vida. De 2018 para cá estudo todo dia, o dia todo. Minha mãe comprava os livros na feira por R$ 2 ou R$ 5 e trazia (para a penitenciária)”, detalhou Ironildo.
“Trabalho e educação são os pilares da ressocialização, esta é mais uma etapa importantíssima no processo de recuperação das pessoas privadas de liberdade”, destaca o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.
Os segundo e terceiro lugares ficaram com Gilvanildo Barros da Silva, da Penitenciária Doutor Edvaldo Gomes, em Petrolina, no Sertão, e Josenilson Leite de Oliveira Júnior, da Penitenciária de Tacaimbó, no Agreste. Os dois obtiveram nota 800 e 680, respectivamente.
Inscreveram-se pessoas privativas de liberdade de 24 estabelecimentos penais do Estado, sendo 23 unidades prisionais e uma cadeia pública. A Seres registrou um pequeno aumento nas inscrições, de 1.162, em 2019, para 1.273 no Enem 2020. Houve evolução também na nota de redação do primeiro lugar, de 700 em 2019 para a atual 900.
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Com o objetivo de trabalhar no campo da ressocialização, o sistema prisional do Estado conta com alfabetização, ensino regular, ensino fundamental e ensino médio. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, foram desenvolvidos ao longo dos últimos quatro anos o programa de remição de pena pela leitura, com instalação de biblioteca dentro das unidades e a implementação do ensino a distância.
Ainda segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos, as atividades a distância tem a finalidade de informar e encaminhar os reeducandos para o ensino universitário.
“Pernambuco tem a terceira colocação nacional de desenvolvimento da atividade educacional escolar dentro das unidades prisionais. Esta é uma prioridade desenvolvida pela Secretaria de Educação em conjunto conosco e estamos, permanentemente, reciclando essas práticas. Temos um grupo de professores, em cada uma das nossas unidades temos uma escola regular. E agora na pandemia, mesmo com dificuldades, estamos retomando o ensino dentro das unidades”, completou Pedro Eurico.