Cristianismo

Dia de São Cosme e Damião: Entenda a origem da data celebrada nesta sexta-feira (27)

Durante a perseguição aos cristão, os irmãos médicos foram torturados e decapitados

São Cosme e DamiãoSão Cosme e Damião - Foto: Beato Angélico/Vatican News

A festa litúrgica dos Santos mártires Cosme e Damião, popularmente celebrada nesta sexta-feira (27), apesar de estar marcada no calendário da Igreja Católica no dia 26 de setembro, celebra os dois irmãos e médicos, martirizados, que viveram no século III, no tempo da perseguição contra os cristãos.

O cuidado dos enfermos foi a alavanca principal da vida dos dois irmãos, que estudaram medicina na Síria e ficaram famosos por suas habilidades, e cuidavam dos doentes sem aceitar remuneração. Por isso, receberam o apelido de “anárgiros”, palavra grega que significa "sem prata" ou "sem dinheiro".

Cosme e Damião
No entanto, os irmãos gêmeos não se limitavam apenas aos cuidados do corpo enfermo - buscavam também o bem das almas, com o exemplo e a palavra. Segundo a tradição da Igreja, eles converteram muitos pagãos ao cristianismo.

De acordo com o vaticano, um dos episódios mais famosos dos irmãos foi a cura de uma mulher hemorroíssa, chamada Paládia, que, por gratidão, deu três ovos aos gêmeos. Porém, por não aceitarem, ela implorou a Damião que os aceitasse, em nome de Cristo, aquela pequena oferta.

Para não ofender a mulher, Damião aceitou os ovos. Este seu gesto provocou a reação de Cosme, que pediu, publicamente, após a sua morte, para não ser enterrado com seu irmão.

Santos mártires
O suplício dos dois irmãos é narrado pela Lenda Áurea. Durante a perseguição aos cristão, os irmãos foram presos e levados a frente de Lysias, governador de Cilicia em Cyrrhus (local que hoje conhecemos como Turquia).

Segundo a tradição cristã, milagrosamente, os irmãos não sentiam as torturas com fogo, água, óleo fervendo, pedras, ou a roda e por isso foram, finalmente, decapitados.

Na pintura do Beato Angélico, a representação da sepultura dos dois Santos é baseada no que foi narrado pela Lenda Áurea. Segundo a narração, o dromedário, que transportava o corpo de San Damião, de repente começou a falar com voz humana, pronunciando estas palavras: "Nolite eos separare a sepoltura, quia non sunt separati merito" (“Não sejam separados na sepultura, porque não são diferentes por mérito”).

Com o tempo, o culto aos irmãos estendeu-se do Oriente à Itália, sobretudo em Roma e na região da Apúlia. São muito venerados na Grécia, Rússia e na Igreja Ortodoxa.

Na arte litúrgica da igreja, os irmãos são mostrados como médicos, segurando instrumentos cirúrgicos. Eles são os patronos dos médicos, junto com São Lucas, e padroeiros de Florença, dos químicos e farmacêuticos, e dos irmãos gêmeos.  

Paróquia de São Cosme e Damião
Na Paróquia de São Cosme e Damião em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, a festa dos santos gêmeos é celebrada no dia 27 de setembro desde 1535, mesmo após a Igreja Católica mover a data para o dia 26 em 1972.

O pároco, padre Josivan Bezerra, explica que a mudança foi feita para acomodar São Vicente de Paulo, patrono da caridade, que morreu no dia 27 de setembro e passou a ocupar essa data no calendário litúrgico, puxando o dia de São Cosme e Damião para o dia anterior (26). No entanto, devido à tradição secular e ao feriado municipal, a paróquia continua a celebrar no dia 27.

“Aqui em Igarassu, a gente celebra desde 1535 no dia 27 de setembro, inclusive é feriado municipal. Seria muito complicado para nós mudarmos a data conforme a Igreja pediu, então continuamos celebrando na data antiga”, diz o padre Josivan Bezerra, pároco da igreja desde 2015.

Igreja Matriz de São Cosme e Damião, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Igreja Matriz de São Cosme e Damião, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Foto: Reprodução/Google Street View.

A tradição dos Doces de Cosme e Damião
Além da celebração, a distribuição de doces no dia de São Cosme e Damião é uma tradição marcante que remonta ao período colonial, quando os escravizados africanos, obrigados a se converterem ao catolicismo, frequentavam as festas dos santos católicos e, secretamente, celebravam seus orixás.

Os doces, distribuídos até hoje, simbolizam essa mistura cultural e religiosa, que se perpetuou ao longo dos séculos. “A Igreja tentou combater esse costume, mas depois percebeu que não tinha nada de mal. Hoje, aceitamos com tranquilidade esse aspecto cultural da festa”, comenta padre Josivan.

Na paróquia de Igarassu, a tradição dos doces é incentivada, mas com um apelo à caridade, refletindo o legado dos santos médicos.

“Aqui, além de confeitos e pipocas, incentivamos a doação de alimentos. Queremos que a festa inspire as pessoas a ajudar o próximo, em memória de Cosme e Damião, que cuidavam dos enfermos sem receber nada em troca”, reforça o padre Josivan.

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