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Dia do Pantanal: escassez de cheias e secas mais longas mudam o bioma e favorecem incêndios intensas

Nova realidade é apontada por um novo levantamento do MapBiomas divulgado nesta terça-feira

PantanalPantanal - Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

Comemorado nesta terça-feira (12), o Dia do Pantanal traz notícias preocupantes para o bioma, que sofre com períodos de cheias cada vez menores e secas mais prolongadas. A nova realidade, que favorece incêndios mais intensos, é apontada em um novo levantamento do MapBiomas que mapeou mensalmente a superfície de água e de campos alagados entre 1985 e 2023.

Com 3,3 milhões de hectares de área alagada, o ano passado foi 38% mais árido que 2018, quando ocorreu a última grande cheia no Pantanal. Naquela época, a água cobria 5,4 milhões de hectares, de acordo com o MapBiomas. A área alagada já era 22% menor que a de 1988.

A redução da água em 2023 foi de 61% em relação à média histórica do período. O estudo aponta que as áreas alagadas por mais de três meses no ano também tiveram tendência de queda. Assim, o bioma tem apresentado uma menor área alagada, ao mesmo passo que o alagamento permanece por um tempo mais reduzido.

Formação de pastagens
Segundo o MapBiomas, entre 1985 e 1990, a extensão queimada correspondeu a áreas naturais em processo de conversão e consolidação de pastagem. Mas após a cheia de 2018, os pesquisadores observaram a recorrência de incêndios no entorno do Rio Paraguai.

De 2019 a 2023, o fogo passou a atingir locais que eram permanentemente alagados. Em cinco anos, foram queimados 5,8 milhões de hectares.

— O crescimento da frequência de incêndios está ligada à predominância de vegetação campestre, à alta incidência de variações no regime de inundação da planície e a períodos de seca prolongados — explica Mariana Dias, pesquisadora da equipe Pantanal do MapBiomas.

O levantamento mostra que em 2023 as pastagens formadas pela ação humana apresentaram pouca ocorrência de fogo por terem pouca biomassa seca disponível para combustão.

Os números indicam como funciona o processo de desmatamento para a expansão da pecuária: depois de uma área ter sido transformada em pastagem, a incidência de incêndios é pequena em relação às áreas naturais.

— O Pantanal já experimentou períodos secos prolongados, como nas décadas de 1960 a 1970. Mas atualmente uma outra realidade, de uso agropecuário intensivo e de substituição de vegetação natural por áreas de pastagem e agricultura, principalmente no planalto da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, altera a dinâmica da água — avalia Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas.

Formada por serras, chapadas e depressões, a bacia integra os biomas do Cerrado e da Amazônia e desempenha um papel fundamental no regime de águas da planície pantaneira. Os pesquisadores destacam que, se em 1985 o uso de terras da bacia pelo homem correspondia a 22%, no ano passado, chegou a 42%.

No período estudado, foram convertidos para pastagem e agricultura 5,4 milhões de hectares, dos quais 2,4 milhões de hectares eram florestas e outro 2,6 milhões de hectares, formações de savana.

Já na planície da Bacia do Alto Panantal, a perda de áreas naturais foi menos intensa e mais recente. Foram suprimidos 1,8 milhões de hectares de vegetação natural entre 1985 e 2023, dos quais quase 859 mil hectares são de formação campestre, 600 mil de hectares de savana e 437 mil hectares de floresta.

As áreas de pastagem passaram de 700 mil hectares para 2,4 milhões de hectares no período, tendo mais da metade (55%) deste aumento ocorrido nos últimos 23 anos. Enquanto isso, na planície pantaneira, 87% das pastagens exóticas apresentam baixo e médio vigor vegetativo, apontou o MapBiomas.

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