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Autismo

Dia Mundial do Autismo: data tem objetivo de conscientizar sobre o transtorno

O diagnóstico do autismo está diretamente ligado a marcos importantes no desenvolvimento das crianças como falar, andar, correr

Maternidade associada ao profissionalismo marcam a rotina de Geórgia e JasmineMaternidade associada ao profissionalismo marcam a rotina de Geórgia e Jasmine - Foto: Cortesia

Celebrado nesta sexta-feira (02), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela ONU, em 2007, com o intuito de trazer mais informação e à sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autismo (TEA). O diagnóstico do autismo está diretamente ligado  a marcos importantes no desenvolvimento das crianças como falar, andar, correr. A psicopedagoga e mestre em educação Geórgia Feitosa destaca que a pandemia da Covid-19 tem impactado a vida de crianças. “A quebra da rotina com o  isolamento social faz com que as crianças se sintam presas e mais ansiosas. As famílias tiveram que se adaptar e criar alternativas, muitas vezes em parceria com as escolas e terapeutas, para que essa rotina fosse de certa forma mantida ”, explica a profissional. 

Geórgia é mãe da pequena Jasmine Feitosa, de 8 anos, diagnosticada com autismo desde os 3. “Jasmine foi muito festejada quando veio ao mundo. Ela apresentou respostas motoras muito positivas e começou a engatinhar, andar e correr muito cedo. Mas a fala não vinha. Começamos a imaginar que ela fosse surda e investigamos com ajuda especializada. Com o diagnóstico de autismo concretizado, Jasmine passou a ser acompanhada por um processo terapêutico que envolve psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo, psicomotricista relacional e terapeuta ocupacional”, descreve.

As pessoas com Transtorno de Espectro Autista têm características singulares que afetam a interação social, o comportamento, e a comunicação, entre elas: dificuldade de relação com pessoas, situações e objetos; distúrbio em habilidades físicas e sociais; atraso na linguagem e na fala; dissociação de palavras com seus significados; e reações adversas a algumas sensações. “Junto à rede de profissionais, é fundamental o apoio e a conscientização da família sem deixar de acreditar que a criança é capaz de aprender e de se adaptar. Manter a rotina é ponto fundamental para a maioria dos autistas”, ressalta Geórgia.

Já entre as características mais comuns destacam-se: resistência à mudança de rotina; dificuldade de socialização; preferência pelo isolamento; apego excessivo a determinados objetos; dispersão visual; hiperatividade física acentuada. “Em casa eu sou mãe, tenho os meus desafios e esforço para ser a melhor mãe para Jasmine. Eu a amo do jeito que ela é. Não há receita, mas há boa vontade na busca para entender suas ações e ir adequando às possibilidades”, finaliza Geórgia Feitosa. 

Descoberta

Após o diagnóstico de autismo do filho, Victor Hugo, o farmacêutico, bioquímico e pós-doutor em microbiologia, Alessandro Silveira, escreveu o livro “O lado bom das bactérias – O poder invisível que fortalece sua defesa natural para ter uma vida mais feliz e longeva”, que será lançado, em breve, pela Editora Gente. 

De acordo com o pós-doutor em microbiologia, o diagnóstico e o tratamento do transtorno de espectro autista (TEA) deve ser buscado na medicina funcional e integrativa, tendo ciência de que as abordagens precisam ser cada vez mais complementares. Nesse sentido, deve-se procurar além do auxílio da médicos, o apoio de outros especialistas, tais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas.

O aspecto relacionado à nutrição vem se mostrando cada vez mais importante para a melhora do quadro de autismo, porque alimentos saudáveis tornam a microbiota intestinal mais resistente a infeção por doenças. “Hoje é lícito afirmar que temos padrões intestinais bem estabelecidos em autistas. O desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose) é um achado rotineiro”, explica o pós-doutor em microbiologia. De acordo com Silveira, há evidências científicas robustas de que é possível diminuir as manifestações clínicas da criança com autismo e assim melhorar sua qualidade de vida modificando a alimentação e corrigindo a disbiose. “Alguns estudos demonstram que a intervenção externa, como no uso de probióticos auxilia na terapêutica de autistas. Até mesmo o transplante de fezes tem sido utilizado em alguns países”, destaca.

Silveira relata que tinha ciência de que o comportamento e crises – muitas vezes agressivas – daquele com TEA é estimulado por gatilhos. “No entanto, eu não sabia identificá-los no meu filho e passei a estudar para entender como eu poderia contribuir com alguma informação a fim de beneficiá-lo”, conta. Silveira detectou que seu filho apresentava um gatilho associado à alimentação. “Doces sempre foram consumidos de forma compulsiva.  Ele comia os piores alimentos quando não conhecíamos os segredos de uma microbiota saudável e ainda não sabíamos como é importante usarmos as ferramentas que temos em mãos”, afirma.

Conforme o bioquímico, o açúcar traz uma sensação momentânea de saciedade e felicidade tão grande que leva a pessoa a consumir mais do alimento como forma compensatória. A substância, porém, explica Silveira, beneficia uma população de bactérias nocivas que acabam enfraquecendo o intestino, desencadeando um processo inflamatório, que via hormônios repercute no sistema nervoso central. “Os neurologistas estão falando cada vez mais sobre isso, sendo impossível atualmente dissociar o sistema nervoso da alimentação”, explica.

Nesse sentido, Silveira passou a cuidar da alimentação e da saúde intestinal de seu filho e obteve resultados satisfatórios. “Hoje, o Victor tem acompanhamento periódico com nutricionista e mapeia a sua microbiota intestinal anualmente”, diz. Conforme o pós-doutor em microbiologia, foram adotadas estratégias alimentares simples, com algumas suplementações, que auxiliaram na melhora de sua qualidade de vida.

Cenário

O Brasil não tem dados oficiais sobre o autismo, mas, de acordo com a Lei 13.861, de 2019, passará a ter na próxima pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O censo ocorre a cada dez anos e pesquisa temas como identificação étnico-racial, núcleo familiar, trabalho e renda, entre outros.

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