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guerra no oriente médio

Diabetes, doenças cardíacas, câncer: Famílias temem pela saúde de judeus reféns do Hamas

Muitas das 240 pessoas sequestradas durante o ataque de 7 de outubro tinham problemas médicos graves; algumas também ficaram seriamente feridas durante ofensiva

Manifestantes seguram cartazes e retratos de reféns israelensesManifestantes seguram cartazes e retratos de reféns israelenses - Foto: Ahmad Gharabli / AFP

Quando os terroristas armados do Hamas invadiram sua casa em 7 de outubro, Karina Engelbert ainda estava se recuperando de uma mastectomia dupla e de uma cirurgia de reconstrução mamária que havia dado muito errado. Ela estava fraca e fatigada, e um acúmulo de tecido cicatricial doloroso em seu peito causava uma sensação de aperto, limitando sua mobilidade.

Os combatentes sequestraram Engelbert, de 51 anos, e toda a sua família, incluindo seu marido, Ronen Engel, 54, e suas filhas, Mika, 18, e Yuval, 11, tirando-os do quarto seguro que havia em sua casa no kibutz de Nir Oz e levando-os para a Faixa de Gaza, onde estão presos há mais de 40 dias.

— A última vez que tive notícias da minha irmã foi naquele sábado tenebroso, às 9h30 da manhã, quando ela falou bem baixinho: “Eles estão dentro de casa" — disse o irmão de Engelbert, Diego Engelbert, em uma entrevista.

Ele não recebeu nenhuma informação sobre a condição de sua irmã, e ela não foi visitada pela Cruz Vermelha Internacional, afirmou.

"Não sabemos se ela está recebendo algum tratamento médico, se alguém está cuidando dela, se ela está recebendo algum alívio para a dor ou algum medicamento necessário para evitar que o câncer volte" comentou Diego Engelbert.

Karina Engelbert é um dos cerca de 240 reféns sequestrados em Israel, muitos dos quais precisam de cuidados médicos urgentes.

Eles variam em idade — desde bebês até octogenários — e incluem uma trabalhadora estrangeira tailandesa que estava grávida de nove meses em 7 de outubro e pode ter dado à luz em cativeiro. Há muitos membros do kibutz com mais de 80 anos que estavam tomando medicamentos para doenças crônicas, como pressão alta, e adultos mais jovens que têm doenças psiquiátricas e condições médicas que podem ser fatais se não forem tratadas.

E ainda há aqueles que sofreram ferimentos potencialmente fatais no próprio ataque, que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria delas civis.

Karina Engelbert é uma das três mulheres sequestradas que tinham câncer de mama. Outra foi Yehudit Waiss, de 65 anos, cujo corpo foi descoberto por soldados israelenses quando eles se aproximavam de um hospital em Gaza na semana passada. As autoridades israelenses afirmam que ela e Noa Marciano, uma soldado de 19 anos, foram mortos por seus sequestradores. Há alguns dias, o Hamas disse que Arye Zalmanovich, um morador de kibutz de 86 anos, também havia morrido após sofrer um ataque cardíaco durante os bombardeios israelenses em Gaza.

A maioria dos prisioneiros idosos depende de medicamentos para controlar a pressão alta, diabetes e doenças cardíacas, de acordo com Hagai Levine, um médico israelense que tem trabalhado com as famílias dos reféns.

Entre as cerca de 40 crianças detidas, a maioria meninas, há um menino de quatro anos cujo crescimento está atrasado que toma um suplemento nutricional por estar abaixo do peso, e seu irmão de 10 meses. Uma foto das duas crianças ruivas nos braços de sua mãe quando foram sequestrados foi amplamente divulgada.

Alguns reféns que estão sendo mantidos pelo Hamas foram baleados, espancados ou feridos de alguma forma durante o ataque.

Hersh Goldberg-Polin, um cidadão americano de 23 anos, perdeu uma mão devido a uma granada, tiros ou ambos, segundo sua família. O pai das crianças ruivas, Yarden Bibas, foi atingido na cabeça com um martelo, segundo vídeos divulgados pelos combatentes. Guy Iluz, 26 anos, foi baleado, de acordo com sua mãe, Doris Liber, que viajou de Israel para Washington, nos EUA, para pedir ajuda.

"Todos eles precisam de cuidados médicos" disse Levine em uma entrevista. "Eles estão sendo mantidos no subsolo, sem comida e água suficientes, e com traumas incessantes, por mais de 40 dias. Até mesmo um pequeno ferimento pode desencadear uma infecção que pode se tornar fatal".

As famílias dos reféns exigiram que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pudesse visitar seus parentes e cuidar dos feridos e doentes, conforme garantido pelas disposições das Convenções de Genebra. Mas até o momento, isso não aconteceu.

Os funcionários da Cruz Vermelha dizem que a organização tem defendido os reféns em Gaza, falando diretamente com o Hamas e com outras partes que possam ter influência sobre o grupo armado palestino. Até agora, no entanto, a Cruz Vermelha não pôde visitá-los para verificar sua saúde ou entregar medicamentos, afirmou um porta-voz.

"O CICV não pode forçar a entrada nos locais onde os reféns são mantidos" explicou Alyona Synenko, porta-voz da organização em Jerusalém. "Só podemos visitá-los quando há acordos, inclusive para garantir o acesso seguro".

Os parentes dos reféns fizeram uma campanha incansável pela sua libertação, viajando pelo mundo todo para se reunir com autoridades estrangeiras, falando com a mídia, dirigindo-se às Nações Unidas, escrevendo artigos em jornais e realizando manifestações diárias na recém-nomeada Praça dos Reféns, em frente ao Museu de Tel Aviv.

No sábado, as famílias dos reféns e milhares de seus apoiadores concluíram uma marcha de cinco dias até Jerusalém, onde planejam pressionar o governo para obter a libertação dos prisioneiros. Muitos estão furiosos com o governo israelense — e com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em particular — tanto pelas falhas que levaram à incursão do Hamas quanto pela falta de apoio e de comunicação regular com os parentes sobre a situação das negociações para libertar os reféns.

"Queremos que o governo faça todo o possível para trazer os reféns de volta, essa deve ser a prioridade máxima" disse Tomer Keshet, primo de Bibas, em uma entrevista. — Yarden está ferido, e o bebê ainda não fica de pé, mal engatinha.

Keshet também disse estar muito preocupado “com o fato de as crianças terem sido separadas de seus pais, estarem assustadas, não terem o que comer e de isso poder ter repercussões a longo prazo".

"Elas estão sendo mantidas no subsolo, com fome, sem saber o que está acontecendo, ouvindo bombardeios, brigas e gritos em um idioma que não entendem. Não sabemos em que condições eles estão, ou em que condições estarão quando voltarem, depois desse trauma emocional" concluiu.

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