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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Diante de ameaça de ataque do Irã, Israel convoca reservistas e suspende GPS em parte do país

Militares temem resposta de Teerã após bombardeio de consulado do país em Damasco, na segunda-feira; risco maior é de ação nesta sexta-feira

Veiculos militares israelenses trafegam por área próxima à divisa com a Faixa de Gaza Veiculos militares israelenses trafegam por área próxima à divisa com a Faixa de Gaza  - Foto: Jack Guez/AFP

Autoridades de Israel suspenderam parcialmente os serviços de GPS e cancelaram todas as folgas de militares em unidades de combate diante da ameaça de retaliação vinda do Irã e seus aliados após o ataque contra a embaixada do país em Damasco, na segunda-feira. Apesar de apoiar o grupo terrorista Hamas na guerra em Gaza, e de ter vários de seus oficiais mortos em ações atribuídas a Israel nos últimos meses, Teerã tem evitado uma ofensiva direta contra os israelenses, diante do risco de uma guerra regional de grande escala.

Ainda na quarta-feira, o Exército israelense incrementou suas defesas aéreas ao redor do país e convocou reservistas para atuarem na operação desses sistemas. Nesta quinta, ainda diante de um cenário de alerta, folgas dos militares em unidades de combate foram suspensas.

— Disse, mais de uma vez, que não está claro se o pior para nós ficou para trás, e nós teremos dias complexos pela frente — disse a oficiais, o chefe da Diretoria de Inteligência do Exército israelense, Aharon Haliva, citado pelo Times of Israel.

Moradores da região Central de Israel também reportaram problemas de conectividade com sistemas de navegação, o que afetou o trânsito em cidades como Tel Aviv e o funcionamento de aplicativos de transportes. Esse tipo de bloqueio temporário, confirmado pelos militares israelenses, vinha sendo aplicado no Norte de Israel desde o início da guerra em Gaza, mas até agora ele não tinha sido relatado em áreas como Tel Aviv e Jerusalém. Segundo as autoridades, esse tipo de ação faz parte de uma estratégia mais ampla de defesa contra ameaças externas.

Na segunda-feira, 13 pessoas morreram em um ataque contra o prédio onde funcionava o Consulado do Irã em Damasco, na Síria, localizado dentro do complexo diplomático iraniano na cidade. Entre as vítimas estavam altos generais das Forças Quds, o braço da Guarda Revolucionária iraniana para ações no exterior, incluindo Mohammed Reza Zahedi, responsável por operações na Síria e Líbano, assim como relações com governos e milícias regionais.

Com o assassinato, que não foi reivindicado oficialmente por Israel, Zahedi entrou para uma “lista” de oficiais iranianos mortos, supostamente por Israel, desde o início da guerra em Gaza. E imediatamente o discurso em Teerã passou a incluir a palavra “vingança”: Horas depois do ataque, uma manifestação foi convocada na capital iraniana, e cartazes pedindo uma retaliação surgiram ao redor do país.

— A derrota do regime sionista em Gaza vai continuar, e esse regime estará mais próximo do declínio e da dissolução — afirmou o lider supremo do Irã, Ali Khamenei. O presidente Ebrahim Raisi afirmou que o bombardeio “não passará impune”.

Principais rivais no Oriente Médio, Irã e Israel têm conduzido há anos um conflito indireto, mantido através de milícias pró-Teerã no Líbano, Iraque e Síria, que inclui ataques pontuais com foguetes e retaliações através de bombardeios aéreos. Contudo, com o início da guerra em Gaza, e ações mais contundentes de Israel, como o alegado ataque à embaixada em Damasco, o risco de um enfrentamento direto aumentou exponencialmente.

O Irã não comenta publicamente seus planos, mas cenários estabelecidos pelos israelenses incluem um ataque com mísseis vindo dos aliados do Irã no Líbano — Hezbollah —, Síria, Iraque e Iêmen, no caso, os houthis, que já lançaram mísseis e drones contra Israel nos últimos meses. Há um cenário que seria inédito, o lançamento de mísseis diretamente de território iraniano, o que traria um risco de escalada ainda maior. Os israelenses afirmam que os sistemas de defesa aérea do país são capazes de enfrentar todas as ameaças.

Segundo o site israelense Walla, integrantes do governo de Israel afirmaram à Casa Branca que pretendem responder caso sejam atacados pelos iranianos.

— Durante anos o Irã tem trabalhado contra nós, diretamente e através de seus emissários. Portanto, Israel está trabalhando também contra o Irã e seus emissários, defensivamente e ofensivamente — disse nesta quinta-feira, durante reunião ministerial, o premier Benjamin Netanyahu, citado pelo Walla. — Saberemos como nos proteger, e agiremos de acordo com o simples princípio de que quem nos machuca ou planeja nos machucar, nós também o machucaremos.

A mobilização em torno da sexta-feira é simbólica: esta será a última sexta do mês sagrado do Ramadã, o principal do calendário muçulmano, e quando o Irã marca o chamado “Dia de Jerusalém”, uma data celebrada desde 1979, ano da Revolução Islâmica, e que é marcada por protestos e atos em defesa dos palestinos.

Apesar das convocações e do aparente alerta entre as forças militares, o governo israelense pede calma à população.

“As diretrizes do Comando da Frente Interna permaneceram inalteradas. Não há necessidade de comprar geradores, armazenar alimentos e sacar dinheiro em caixas eletrônicos”, afirmou, no X, o antigo Twitter, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari. “Como temos feito até hoje, atualizaremos imediatamente qualquer alteração se for de forma oficial e ordenada.”

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