HISTÓRIA

Direção da Academia Pernambucana de Medicina pede ajuda do Governo de Pernambuco para restauração

Parte do teto do prédio desabou, na última sexta-feira (26)

Prédio fica localizado no Derby, Centro do RecifePrédio fica localizado no Derby, Centro do Recife - Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

Após o desabamento de parte da estrutura do  teto do prédio do Memorial de Medicina, no bairro do Derby, no Centro do Recife, na última sexta-feira (26), a direção da instituição pede ajuda ao Governo de Pernambuco para restaurar o prédio que se encontra com diversas fissuras que comprometem o sustento do imóvel histórico.

A área mais prejudicada é o icônico Museu da Medicina que, além de guardar peças de cera com estudos sobre doenças, abriga um memorial com imagens de médicos catedráticos que passaram pela academia ao longo da história.

No local há infiltrações e inchaço nas paredes. Esses danos são causados, além da chuva, pelo fato de o prédio ficar às margens do Rio Capibaribe. Todo material precisa ser retirado com urgência para não sofrer danos maiores.

História
A construção do prédio do estilo neoclássico teve autorização do médico Octávio de Freitas em 1925. A primeira Faculdade de Medicina do Recife foi inaugurada em 21 de abril de 1927, naquelas instalações, sendo ligada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e permanecendo na estrutura até 1958, quando a instituição foi transferida para a Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife.

De 1960 a 1979, foi instalação do Colégio Militar de Pernambuco. Ainda em 1979, após convênio com a UFPE, o prédio foi cedido à Academia Pernambucana de Medicina. Hoje, tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), abriga diversos setores ligados à medicina, entre eles estão:

Segundo o diretor da Academia Pernambucana de Medicina, Hildo de Azevedo, a manutenção do prédio é fundamental para a história desse segmento em Pernambuco.

Ele considera ainda que naquele espaço, localizado na rua Amaury de Medeiros, 206, está reunida a “nata” da medicina do Estado.

Hildo de Azevedo, presidente da APMHildo de Azevedo, presidente da APM | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“Aqui se reúne o melhor da medicina pernambucana, no sentido de preservar a cultura e a nossa história médica, para ajudar Pernambuco e as unidades médicas a produzirem o melhor atendimento aos nossos pacientes”, afirmou.

Azevedo ainda pontuou, durante entrevista à Folha de Pernambuco, que o prédio não foi devidamente reparado, especialmente nos últimos cinco anos, e confessa sentir falta de ações preventivas e permanentes de cuidado com a estrutura.

A direção da APM, segundo ele, vinha conversando com a UFPE, alegando o surgimento de defeitos estruturais, mas nada teria sido feito.

“Vínhamos avisando sobre rachaduras, inundações e quedas, mas nada de objetivo foi feito, até que aconteceu esse desmoronamento de sexta-feira, que atingiu também o nosso anfiteatro, onde os alunos aprendiam sobre anatomia nos primeiros anos desta faculdade”, complementa ele, temendo as chuvas que estão por vir nesta estação do ano.

Equipes de engenheiros da UFPE e da Defesa Civil do Estado vistoriaram o prédio na manhã desta segunda-feira (29).

Os profissionais foram procurados pela reportagem, mas não deram entrevista. Hildo de Azevedo revela ter enviado solicitações à governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), pedindo ajuda. Segundo ele, a chefe do Executivo local se mostrou atenta aos pedidos e manifestou interesse em contribuir com a restauração.

“A governadora está muito atenta e receptiva. Ela me disse que, caso a Universidade Federal de Pernambuco permita, [Raquel Lyra] está disposta a assumir o prédio, como sendo um instrumento da cultura pernambucana, ligado à Secretaria de Cultura. Nós temos todo o apoio da governadora. Depende das tratativas com a UFPE”, finalizou.

O que diz a UFPE? 
Em nota, a UFPE informou que, na sexta-feira (26), o prédio do Memorial de Medicina precisou ser isolado. "Devido à ação das chuvas recorrentes desde maio de 2022, a estrutura da coberta apresentou comprometimento, surgiram rachaduras na alvenaria, danificando o forro de gesso, estuque e adereços do prédio. A instituição mobilizou, através das Superintendências de Infraestrutura e de Projetos e Obras, uma equipe de engenharia até o local para atuação na redução de danos ao prédio", explicou. 

Com a palavra a Fundarpe
A Fundarpe informou que enviou técnicos da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe ao Memorial de Medicina da UFPE para fiscalizar a preservação do imóvel tombado pelo Governo de Pernambuco por meio do Decreto 11.260/1986, "mediante ocorrência de desmoronamento parcial de elementos de sua fachada posterior".

"No entanto, vale ressaltar que a conservação do imóvel tombado é de responsabilidade do seu proprietário, no caso a UFPE, e que cabe à Fundarpe fiscalizar, bem como orientar e analisar futuras intervenções no bem material", disse a Fundarpe em nota. 

Governo de Pernambuco
O Governo de Pernambuco ainda não respondeu à reportagem. Assim que houver o posicionamento, o texto será atualizado.

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