RÚSSIA

Direitos humanos "se degradam de maneira significativa" na Rússia, diz especialista da ONU

Relatório, que será apresentado nesta semana, não inclui revelações ou informações surpreendentes, mas confirma a tendência política no país

Sistema de mísseis de defesa aérea no topo da sede do Ministério da Defesa da Rússia em MoscouSistema de mísseis de defesa aérea no topo da sede do Ministério da Defesa da Rússia em Moscou - Foto: Alexander Nemenov / AFP

A situação dos direitos humanos “se piorou de maneira significativa” na Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, lamentou a especialista do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Mariana Katzarova, nesta segunda-feira (18).

“A situação já esteve em um declínio constante nas últimas duas décadas, em parte por causa das duas guerras na Chechênia que terminaram em 2009”, explicou ela, responsável pelo monitoramento da situação dos direitos humanos na Rússia, em seu primeiro relatório sobre o tema .

O relatório, que Katzarova apresentará esta semana no Conselho de Direitos Humanos, não inclui revelações ou informações surpreendentes, mas confirma a tendência política na Rússia.

A escolha de Mariana para a tarefa já havia representado um revés diplomático para Moscou, ao ser o primeiro país do Conselho de Segurança da ONU a ser investigado por um especialista do Conselho de Direitos Humanos.

Katzarova destacou as tentativas da Rússia de "obstaculizar" seu trabalho e lamentou que não tenha podido se deslocar para o território russo.

O relatório denuncia que "as autoridades russas limitaram, severamente, a liberdade de associação, de reunião de importação e de expressão, tanto na Internet quanto nas ruas. E também violaram a independência do Poder Judiciário e as garantias de um julgamento equilibrado". O especialista também criticou o aparato legislativo proposto “para amordaçar a sociedade civil e punir os defensores dos direitos”.

“A aplicação, muitas vezes violenta, dessas leis e regulamentações incluiu uma repressão sistemática contra as organizações da sociedade civil e restringiu o espaço cívico e os meios de comunicação independentes”, acrescentou.

Um especialista descreveu como várias mulheres, especialmente jornalistas e militantes na defesa dos direitos humanos, "sofreram violências, humilhações e intimidações específicas, devido ao seu gênero".

“O uso persistente de tortura e maus-tratos, sobretudo pela violência sexual e machista, põe em perigo a vida de pessoas detidas”, alerta.

O mandato de Katzarova termina no próximo mês, a menos que o Conselho de Direitos Humanos decida prorrogá-lo. Ela defendeu a importância de continuar investigando a Rússia.

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