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Disparos de mísseis contra Israel expõem limitações do Irã, dizem analistas

Os analistas asseguram que o último ataque buscava um equilíbrio entre reivindicar as capacidades iranianas e evitar provocar uma guerra total

Mísseis lançados na terça-feira, 01, foram direcionados ao sul e centro de NeguevMísseis lançados na terça-feira, 01, foram direcionados ao sul e centro de Neguev - Foto: Ahmad Gharabli/AFP

A enxurrada de mísseis lançados contra Israel esta semana deveriam ser uma advertência de que o Irã pode atacar o território de seu arqui-inimigo, mas, em vez disso, jogou luz sobre suas limitações militares, consideram diversos analistas.

No segundo ataque direto a Israel de sua história, Teerã disparou 200 mísseis na terça-feira, a maioria deles interceptados pela defesa aérea de Israel com a ajuda de seus aliados ocidentais.

A Guarda Revolucionária, o Exército ideológico do Irã, afirmou que o ataque respondia ao assassinato de altas funcionários iranianos e de seus aliados, como o líder do grupo libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, ou do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh.

Os analistas asseguram que o último ataque, embora de maior envergadura, buscava um equilíbrio entre reivindicar as capacidades iranianas e evitar provocar uma guerra total potencialmente destrutiva com Israel.

Embora se desconheça o tamanho do arsenal balístico do Irã, os analistas consideram que está em risco de se esgotar.

Farzan Sabet, pesquisador do Global Governance Centre em Genebra, afirma que a reserva de mísseis do Irã "com capacidade para chegar a Israel é limitada".

Teerã provavelmente tem a capacidade de "infligir danos graves a Israel" por algumas semanas ou meses, mas não durante um conflito longo, argumenta.

Corrida pela influência 
Os assassinatos de várias autoridades islamistas de alto escalão foram interpretados como grandes falhas da inteligência iraniana e de seus aliados, forçando Teerã a responder para “manter sua credibilidade perante a opinião pública nacional e internacional”, de acordo com Sabet.

“No entanto, acho que o Irã também calibrou o ataque de modo a não desencadear uma resposta importante de Israel e dos Estados Unidos, um equilíbrio muito difícil”, diz ele.

O especialista francês em Irã, Bernard Hourcade, explica que, apesar do interesse internacional no controverso programa nuclear do Irã, “os mísseis têm sido a principal prioridade de todo o aparato militar” da República Islâmica.

Em sua opinião, a capacidade de dissuasão do Irã se baseia na existência, ao redor de Israel, de grupos como o Hamas e o Hezbollah, ambos severamente dizimados pelo conflito atual, e de mísseis que, pela segunda vez, causaram pouco dano ao inimigo regional.

“Essas três armas se foram”, diz Hourcade. “Acabou, elas não têm mais credibilidade”.

Horas antes do último ataque, um alto funcionário da Casa Branca disse a repórteres em Washington que havia “indicações” de que o ataque era “iminente”.

O Irã nega ter avisado os EUA por meio de terceiros, uma medida que poderia ter ajudado a reduzir os danos e limitar a retaliação internacional, permitindo que Teerã respondesse a Israel.

“Acho que houve um 'acordo de cavalheiros' dentro do governo iraniano para dizer: 'OK, nós responderemos, mas de uma forma que não seja excessiva'”, acredita Hourcade.

Outros cálculos geopolíticos podem ter desempenhado um papel importante. Por exemplo, deixar a porta aberta para ressuscitar o acordo nuclear de 2015 com várias potências globais em troca de alívio das sanções à economia iraniana.

De acordo com Koulouriotis, “a restauração da capacidade de dissuasão israelense (...) será alcançada com a quebra da capacidade do Irã”.

“O vencedor dessa corrida desenhará o mapa de influência no Oriente Médio nas próximas décadas”, observa ele.

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