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racismo

"Disseram que os negros não tinham câncer e que não existia quimioterapia para mim", conta britânica

Diagnosticada com câncer de mama em 2016, Leanne Pero precisou enfrentar o preconceito e a falta de apoio durante todo o seu tratamento

Leanne foi diagnosticada com câncer de mama em estágio três em 2016Leanne foi diagnosticada com câncer de mama em estágio três em 2016 - Foto: Reprodução/Instagram

A autora e palestrante inglesa Leanne Pero revelou que durante o seu tratamento contra o câncer de mama se sentiu "desumana". No primeiro contato com um médico, ouviu que era "muito jovem" para ter a doença, ao que, em uma segunda tentativa de ser examinada por outro profissional, foi diagnosticada com o tumor no estágio três.

No início, era apenas um caroço em seu seio. Em 2016, resolveu procurar um especialista pela segunda vez, após o primeiro informá-la que ela era muito nova para ter câncer de mama, mesmo com o histórico familiar de sua mãe, diagnosticada duas vezes com o tumor. Quando refez os exames, esperou 14 dias até receber o diagnóstico da doença.

"Eu me senti envergonhada e culpada pelo meu diagnóstico. Ainda mais quando comecei a contar às pessoas da minha comunidade, por conta de como elas eram desinformadas. Essas pessoas diziam coisas como porque sua mãe é parda deve ser o gene branco; que o câncer era uma maldição para coisas que você fez no passado; não faça quimioterapia porque ela não foi feita para negros" relata, em entrevista ao site MyLondon.

Quando recebeu a confirmação, novos caroços haviam se desenvolvido na mesma mama, enquanto o original já chegava a sete centímetros de comprimento. Leanne precisou passar por oito sessões de quimioterapia a cada três semanas, antes de receber injeções de imunoterapia pelo período de 18 meses.

Leanne encontrou forças na história de sua mãe, que descobriu o câncer quando ela tinha apenas oito anos e somente soube que algo estava errado quando sua mãe cortou os dreadlocks (penteado de mechas emaranhadas). E ao entrar no próprio tratamento, percebeu que as mulheres negras com tumores viviam isoladas da sociedade e se sentiam incompreendidas pelas pessoas ao seu redor.

Isso motivou a inglesa a criar um grupo de apoio para outras mulheres negras com a doença, chamado "Black Woman Rising", em 2017. Com o número inicial de oito participantes quando foi fundado, agora os eventos da instituição de caridade acomodam pelo menos 450 pessoas.

Ao conseguir superar o câncer, Leanne começou a dar palestras orientando essas mulheres e também participou da escrita do livro "From The Margins", contando sua história com outras cinco pessoas que precisaram lidar com a doença enquanto foram marginalizadas pelo diagnóstico.

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