DIU pode arrancar pedaço do pênis? Especialista explica
Dispositivo tem prazo de validade e critérios de instalação
O caso inusitado do Dispositivo Intrauterino, o DIU, que arrancou o pedaço do pênis do parceiro da criadora de conteúdo adulto Hayley Davies, de 25 anos, levantou a dúvida sobre o método contraceptivo.
Mas será que é algo comum de acontecer? Conversamos com a ginecologista Deise Cavalcante, que explicou a situação.
O que é o DIU?
Com o nome científico de Dispositivo Intrauterino, o DIU é um método contraceptivo de longa duração que é inserido no útero. Com ele, a mulher não depende da ingestão diária de pílulas, injetáveis mensais ou trimestrais, anéis vaginais, adesivos transdérmicos ou até mesmo preservativos.
Ele tem formato de ‘T’ e serve como uma espécie de barreira que dificulta a fertilização do óvulo pelo espermatozoide.
Existem alguns tipos de DIU (lista abaixo) que podem ser diferenciados, tanto pelo material quanto pela forma de ação dele no corpo humano. Dependendo da categoria, o dispositivo pode ficar instalado no útero de 5 a 10 anos.
Leia também
• Elefantíase deixa de ser problema de saúde pública no Brasil
• Outubro Rosa: Recife oferta 3.200 vagas de exames de mamografia gratuitas e sem agendamento
• O que é a doença de Crohn, que fez Evaristo Costa ter perda repentina de peso
Tipos de DIU
DIU hormonal: Libera progesterona lentamente, ao longo de cinco anos, sendo muito mais seguro para a mulher, pois não é necessário se lembrar de tomar pílulas ou administrar injeções. Esse hormônio atua no útero promovendo um espessamento do muco cervical, que dificulta a locomoção do espermatozoide e, consequentemente, a fecundação do óvulo.
Entre os DIUs hormonais, estão disponíveis no Brasil o DIU Mirena e o DIU Kyleena. Ambos diminuem o fluxo menstrual e possuem o mesmo hormônio: o Levonorgestrel. A ação hormonal é local no útero e a quantidade de hormônio absorvido é muito baixa.
A chance de ficar sem menstruar com o DIU Mirena é de 65% e por isso ele é recomendado para reduzir fluxo menstrual e cólicas.
Já o DIU Kyleena tem menos da metade da quantidade de hormônios que o Mirena, sendo assim a chance de não menstruar com ele é de 59%.
DIU não hormonal: entre os DIUs não hormonais, estão disponíveis os de cobre, de cobre e prata, miniDIU de cobre e miniDIU de cobre e prata.
De formato semelhante ao DIU hormonal, o não hormonal também é colocado dentro do útero, mas não libera hormônios e pode permanecer por até 10 anos, sem substituição.
Ele torna o muco cervical mais espesso e o ambiente uterino hostil aos espermatozoides. Também funciona como um espermicida, matando os espermatozoides antes que possam chegar ao óvulo através de um processo inflamatório local.
O DIU pode arrancar um pedaço do pênis?
O drama inusitado vivido pela atriz pornô australiana Hayley Davies, de 25 anos, e pelo parceiro dela chama a atenção para os cuidados com o DIU. O equipamento escorregou e arrancou um pedaço do pênis dele e cortou o colo do útero dela. Diante disso, fica a pergunta: é comum isso acontecer?
Segundo a ginecologista Deise Cavalcante, a probabilidade de um caso como este acontecer é mínima. Isso porque o DIU tem um fio muito fino que fica para fora do colo do útero, objetivando facilitar a retirada dele quando chegar o vencimento.
“Porém, ele não atrapalha a relação sexual, nem causa prejuízos ao prazer da mulher ou do homem quando se tratando de um dispositivo bem posicionado. Quando o fio está de tamanho inadequado, é possível que ele sinta o fio do dispositivo no fundo da vagina, durante a relação sexual. Se esse DIU estiver deslocado, há risco de o parceiro perceber a haste do dispositivo se apresentando na vagina, causando um maior desconforto ou risco de lesão, que é extremamente raro”, explica.
Caso esse imprevisto aconteça, a mulher deve recorrer imediatamente a um ginecologista, num consultório. A remoção é rápida e simples. Deve seguir as instruções do médico acerca do uso de outro método contraceptivo e marcar um acompanhamento para verificar a saúde reprodutiva.
Quem não pode colocar DIU?
• Gravidez conhecida ou suspeita;
• Neoplasias malignas do útero ou endométrio (câncer);
• Doença inflamatória pélvica ativa;
• Malformação congênita;
• Risco ou presença de Infecção Sexualmente Transmissível.
Prós e contras
Assim como qualquer outro método contraceptivo, o DIU apresenta vantagens e desvantagens que podem variar, de acordo com a preferência e as necessidades de cada mulher.
“Como vantagem, pode-se pontuar que o DIU hormonal tem taxa de falha de 0,2% e o DIU de cobre de 0,8%, conforme o índice de Pearl. Ou seja, duas a cada mil mulheres usuárias de DIU engravidam por ano com o DIU hormonal e oito a cada mil mulheres engravidam por ano com de cobre. Quando ocorre gestação com DIU, normalmente são gestações extrauterinas e não viáveis. Para fins de comparação, três em cada 100 mulheres usuárias de pílula engravidam por ano e 16 em cada 100 mulheres usuárias de preservativo engravidam por ano”, aponta Cavalcante.
O DIU hormonal reduz consideravelmente o sangramento menstrual, sendo uma opção para mulheres que sofrem com fluxos intensos e dolorosos ou com anemia. Em torno de 60% das mulheres que usam esta categoria não menstruam. O dispositivo não afeta a fertilidade. Após a remoção do DIU, a capacidade de gerar é restabelecida imediatamente.
“Pode haver dor e desconforto na colocação. O organismo de algumas mulheres pode expelir o DIU do útero, principalmente quando inserido no período pós-parto imediato ou quando há alterações estruturais no útero como miomas; O DIU de cobre pode aumentar as cólicas menstruais. O DIU hormonal pode causar efeitos colaterais, como acne e dor nas mamas”, contrapõe ela, explicando as desvantagens da colocação do DIU.