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ENCONTRO

Dívida de Cuba com o Brasil será tema de encontro bilateral entre Lula e Díaz-Canel

Brasil só voltará a financiar país caribenho, se voltar a receber pelos empréstimos

Lula e o presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel Lula e o presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel  - Foto: Ricardo Stuckert / PR

A dívida de US$ 520 milhões (o equivalente a cerca de R$ 2,5 bilhões) de Cuba com o Brasil será um dos temas tratados no encontro bilateral entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o cubano Miguel Díaz-Canel, neste fim de semana, em Havana. O governo brasileiro tem a intenção de voltar a financiar exportações do Brasil para Cuba, mas entende que antes é preciso que o país caribenho voltea pagar o que deve. Hoje, contudo, o país enfrenta escassez de itens de primeira necessidade, como alimentos, energia e remédios.

O encontro entre Lula e Díaz-Canel deve ocorrer no sábado, logo após da Cúpula do G77 — coalizão de 77 nações em desenvolvimento. Desde que tomou posse, Lula procura retomar as relações com Havana, que ficaram congeladas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo antecipou ao GLOBO o assessor para assuntos especiais da Presidência da República, Celso Amorim, no último dia 31 de agosto, o Brasil quer voltar a financiar Cuba, que passa por uma grave crise econômica e social. Contudo, isso só será possível depois de o país caribenho encontrar uma forma de pagar sua dívida em operações passadas.

Amorim esteve em Havana, com Díaz-Canel. Ele afirmou que o Brasil financiou várias vezes Cuba, e sempre foi pago. Porém, há cerca de sete anos, o país parou de pagar.

— Temos de encontrar uma solução que, obviamente, tem de ser correta, legal, absolutamente certa, mas que pode ser uma renegociação, como é normal se fazer, como os países todos fazem — afirmou o assessor internacional de Lula.

Atualmente, o Brasil só pode financiar exportações de produtos e serviços para outros países, se os tomadores não forem inadimplentes. Também em entrevista ao GLOBO, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Gordon, afirmou que o governo enviará um projeto de lei ao Congresso que deixará claro que aqueles que devem o Brasil poderão tomar novos empréstimos se estiverem em dia com o pagamento.

— Se os países não renegociarem as dívidas, não vão receber produtos ou serviços brasileiros. Isso já existe na regra do banco, mas vamos colocar em lei — disse.

O valor corresponde a empréstimos do BNDES para o financiamento a empresas brasileiras para a construção do Porto de Mariel. Como o financiamento não foi pago, Cuba agora deve ao Tesouro Nacional.

Segundo interlocutores do Itamaraty, até o momento, os cubanos já indicaram que não têm condições de pagar a dívida, mas as conversas têm ocorrido informalmente. A avaliação é que Lula tem pouco a fazer agora para ajudar o país que, a seu ver, precisa ser reintegrado à região. O embargo econômico aplicado há décadas ao país caribenho é considerado a principal causa do colapso da economia cubana.

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