SAÚDE

Doença de Chagas na USP: e-mail com alerta sobre inseto vetor no campus viraliza

Mais conhecidos como barbeiros, triatomíneos contaminados com parasita da doença de Chagas foram encontrados na universidade

Barbeiro: inseto transmissor da doença de Chagas Barbeiro: inseto transmissor da doença de Chagas  - Foto: Fundação Oswaldo Cruz

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Uma publicação viralizou esta semana no Twitter, que mostra um e-mail de alerta da Universidade de São Paulo (USP) para os alunos. De acordo com a publicação, "insetos conhecidos como barbeiro têm sido encontrados" no campus do Butantã, em São Paulo. Alguns triatomíneos foram coletados e encaminhados para a vigilância epidemiológica, que constatou sua infecção com o Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas.

 

O que é?
A doença de Chagas acomete, principalmente, a população de áreas tropicais, como a América Latina. A enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente aos seres humanos pelas fezes contaminadas dos barbeiros. Ao picar o homem, o percevejo elimina o parasita nas fezes próximas ao ferimento. Ao coçar a picada, o excremento contaminado se infiltra no corpo humano, o que leva à contaminação. Por isso, o e-mail da USP clama para que os alunos não cocem a ferida.

No entanto, de acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão pode ocorrer também por transfusão de sangue ou transplante de órgãos, consumo de alimentos contaminados, durante a gravidez e o parto.

Doença negligenciada
De acordo com a OMS e a Opas, a doença de Chagas é historicamente negligenciada, com uma quantidade insuficiente de políticas públicas e investimentos direcionados à identificação precoce da doença, além do acesso a medicamentos.

Segundo dados compilados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com base nos indicadores do Sistema Único de Saúde (SUS), a estimativa é de que mais de 1,2 milhões de brasileiros vivam com a doença (mais de 17% do total global), e que 70% destas pessoas não saibam do diagnóstico.

Sem tratamento a longo prazo, até 30% dos pacientes podem desenvolver complicações irreversíveis para o sistema nervoso, sistema digestivo e para o coração. Arritmias e insuficiência cardíaca são as principais doenças cardíacas observadas, acrescenta a sociedade brasileira.

Desafios do diagnóstico precoce
A identificação do quadro cedo é um desafio, já que, na maioria dos casos, a infecção é assintomática no início. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 70% daqueles que carregam o parasita permanecem de duas a três décadas sem sintomas ou com uma forma indeterminada da doença. Ainda assim, é importante estar atento aos sinais, que são:

Febre prolongada (mais de 7 dias);

Dores de cabeça;

Aparecimento de gânglios;

Crescimento do baço e do fígado;

Alterações elétricas do coração;

Inchaço na face ou nos membros;

Fraqueza intensa;

Manchas vermelhas na pele;

No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local;

Inflamação das meninges nos casos graves.

Segundo a fundação, na fase aguda, os sintomas duram de três a oito semanas. Na crônica, os sintomas estão relacionados aos distúrbios no coração, no esôfago e/ou no intestino consequentes de complicações da doença.

Ainda não há vacinas contra Chagas, mas há um imunizante em desenvolvimento pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas, do qual fazem parte diversas instituições de pesquisa brasileiras.

Como é feito o diagnóstico?
No caso de sintomas, especialmente após uma picada pelo barbeiro, é importante buscar um médico especialista para identificar se pode se tratar de uma suspeita para a doença de Chagas.

Segundo o Ministério da Saúde, na fase aguda, quando ocorrem os sinais, essa análise é baseada nas queixas e em fatores epidemiológicos, como a ocorrência de surtos na região, tratar-se de áreas endêmicas ou viagens recentes a essas localidades.

Para confirmar a infecção, a presença do parasita pode ser observada por meio de um exame de sangue comum. Existem métodos de análise diferentes a depender da fase da doença (aguda ou crônica), mas todos envolvem a coleta do material biológico.

No caso da doença crônica, o médico pode solicitar ainda exames de imagem, como radiografias, ultrassonografias e eletrocardiogramas, para avaliar as possíveis complicações nos órgãos que costumam ser mais acometidos.

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