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Uruguai

Dois militares reformados são condenados por tortura durante ditadura no Uruguai

O caso investigou "tratamentos cruéis, desumanos e degradantes" contra cerca de 20 integrantes da União de Juventudes Comunistas (UJC) em 1975

Bandeira do UruguaiBandeira do Uruguai - Foto: DavidRockDesign/Pixabay

Dois militares reformados do Uruguai foram condenados nesta quinta-feira (1º) a 12 anos e seis meses de prisão por crimes de lesa-humanidade cometidos contra jovens militantes comunistas durante a última ditadura uruguaia (1973-1985).

Rubens Francia e Francisco Macaluso foram sentenciados pela juíza criminal María Elbia Merlo como coautores de reiterados crimes de privação de liberdade e tortura.

A decisão dispõe que ambos cumpram suas penas com desconto do tempo de detenção preventiva. Os dois estão em prisão domiciliar desde meados de 2022.

Francia e Macaluso foram denunciados à Promotoria Especializada em Crimes de Lesa-Humanidade por um grupo de ex-presos políticos que estiveram reclusos entre 1975 e 1978 no Batalhão de Infantaria Mecanizado N°6, próximo à cidade de San José, 95 km a oeste de Montevidéu.

O caso investigou "tratamentos cruéis, desumanos e degradantes" contra cerca de 20 integrantes da União de Juventudes Comunistas (UJC) detidos nessa repartição militar, onde os dois acusados desempenhavam funções em 1975.

Merlo deu seu veredicto hoje depois de quatro dias de audiências no início de maio, nas quais oito vítimas apresentaram testemunhos de espancamentos, afogamentos em tanques de água, choques elétricos, abusos sexuais e outros tipos de tortura nesse batalhão.

A juíza Merlo concluiu que Francia e Macaluso estiveram envolvidos nessas práticas.

A defesa dos dois militares reformados, que negou o envolvimento de seus clientes, recorrerá da decisão, segundo a imprensa local.

A Promotoria Especializada em Crimes de Lesa-Humanidade tem competência em todos os casos criminais que se referem às violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura.

Em março de 2012, o Estado uruguaio assumiu em um ato formal a responsabilidade pelos crimes cometidos durante a última ditadura, em cumprimento da decisão da CorteIDH na sentença do caso pelo desaparecimento da neta do poeta argentino Juan Gelman.

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