Domino's se rende ao berço da pizza e deixa Itália após "boicote" de moradores
O fim das atividades da Domino's acontece depois que um tribunal em Milão concedeu em abril à empresa proteção judicial contra credores por 90 dias
A presença da Domino's na "casa" da pizza provou ser de curta duração, uma vez que os italianos mostraram que preferem os restaurantes locais à versão americana da iguaria. A última das 29 filiais da gigante global fechou depois que a empresa iniciou suas operações no país há sete anos.
O grupo fez empréstimos pesados para os planos de abrir 880 lojas, mas enfrentou forte concorrência de restaurantes locais, que expandiram os serviços de delivery durante a pandemia.
A rede americana entrou na Itália em 2015 por meio de um acordo de franquia com a ePizza SpA e planejava se distinguir fornecendo um serviço de entrega nacional estruturado, juntamente com sabores de coberturas de estilo americano, incluindo abacaxi.
Sua expansão ambiciosa teve problemas quando os fabricantes tradicionais de pizza aumentaram as entregas ou assinaram acordos com serviços de terceiros, como Deliveroo Plc, Just Eat Takeaway.com NV ou Glovo, para levar seus produtos às casas dos clientes, enquanto as restrições impostas pela pandemia de Covid impediam as pessoas de jantar fora.
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“Atribuímos o problema ao aumento significativo do nível de concorrência no mercado de entrega de alimentos, com redes organizadas e restaurantes entregando comida, serviços e restaurantes reabrindo após a pandemia e consumidores gastando mais fora de casa”, disse o ePizza em um relatório distribuído a investidores que acompanharam os resultados do quarto trimestre de 2021.
Representantes americanos e italianos da ePizza e da Domino's não responderam às mensagens da Bloomberg pedindo comentários.
A empresa já havia reduzido as operações no país desde o pico da pandemia em 2020 e deixou de oferecer o serviço de delivery em seu site em 29 de julho.
Ainda assim, o fechamento foi uma surpresa para alguns de seus clientes, que se voltaram para os canais de mídia social italianos da rede questionando por que suas ligações e pedidos não estavam sendo atendidos ou por que sua loja local havia fechado.
O fim das atividades da Domino's acontece depois que um tribunal em Milão concedeu em abril à empresa proteção judicial contra credores por 90 dias, de acordo com um documento da ePizza.
As medidas, que impediram os credores de exigir o pagamento da dívida ou confiscar os ativos da empresa, expiraram em 1º de julho. Não houve mais atualizações sobre o processo judicial, de acordo com os documentos eletrônicos do tribunal ou da Câmara de Comércio Italiana.
A empresa tinha € 10,6 milhões (US$ 10,8 milhões) em dívidas no fim de 2020, de acordo com os últimos relatórios anuais auditados.