Eclipse

Eclipse mobiliza milhões de pessoas em festivais, experimentos científicos e casamentos coletivos

Empresa de pesquisa Perryman Group estima que o fenômeno celeste deste ano pode gerar um faturamento, direto e indireto, de até R$ 30 bilhões

Visitantes olham através de um par de óculos gigante para eclipse montado na praça da cidade em Houlton, Maine. Visitantes olham através de um par de óculos gigante para eclipse montado na praça da cidade em Houlton, Maine.  - Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP

A febre do eclipse total tomou conta da América do Norte nesta segunda-feira. Milhões de pessoas no México, nos Estados Unidos e no Canadá viram neste fenômeno celeste de tirar o fôlego uma rara oportunidade científica, comercial e até sentimental: foram planejados festivais, experimentos científicos e até um casamento coletivo ao longo dos territórios onde o evento pode ser observado, transformando o dia em noite por alguns instantes.

— Um eclipse solar total é um dos eventos mais emocionantes que você pode vivenciar — disse a astrofísica Jane Rigby, cientista-chefe do projeto Telescópio Espacial James Webb da Nasa. — Sinta suas vibrações. Você faz parte do universo.

O entusiasmo é tanto, que alguns canais de TV fizeram contagem regressiva e o fenômeno foi transmitido ao vivo pela Nasa, apresentando imagens de telescópios e comentários de especialistas. As empresas aproveitaram a empolgação para realizar eventos especiais, enquanto hotéis e aluguéis de curto prazo nos principais locais de observação estão lotados há meses.

A região das Cataratas do Niágara chegou a declarar "estado de emergência" para controlar o fluxo de visitantes. A mesma medida foi tomada no Texas, onde observadores de todo o mundo se reuniram no parque Stonehenge II, construído em homenagem ao monumento original de Stonehenge, que fica no Reino Unido.

— Temos pessoas dos 50 estados [dos Estados Unidos], até do Alasca e do Havaí. Há turistas dos Países Baixos, Finlândia, Alemanha, Israel, Nova Zelândia — disse Jennyth Peterson, funcionária do parque Stonehenge II em Ingram.

Em Cleveland, onde as autoridades locais esperavam cerca de 200 mil visitantes, o Hall da Fama do Rock planejou um "Solarfest" de quatro dias com música ao vivo. E em Russellville, Arkansas, mais de 300 casais trocaram votos em uma cerimônia de casamento coletivo. "A Total Eclipse of the Heart" (“Um Eclipse Total do Coração”), disseram os organizadores, evocando a famosa canção de Bonnie Tyler.

— Muitas pessoas virão ao nosso estado pela primeira vez e queremos garantir que elas continuem voltando — disse a governadora Sarah Huckabee Sanders em uma entrevista coletiva no mês passado, estimando que o Arkansas, com seus quilômetros de terreno acidentado e uma série de parques estaduais, pode receber até 1,5 milhão de turistas nesta segunda-feira.

O eclipse também pode ser visto do alto: a Delta Airlines planejou dois voos especiais ao longo do trajeto — e as passagens esgotaram. Muitas escolas da América do Norte também fecharam as portas durante o dia ou permitiram que os alunos saíssem mais cedo.

A empresa de pesquisa Perryman Group estima que os impactos econômicos diretos e indiretos do eclipse deste ano podem chegar a US$ 6 bilhões (mais de R$ 30 bilhões).

O fenômeno está sendo transmitido ao vivo pela Nasa, e deve durar cerca de três horas, apresentando imagens de telescópios e comentários de especialistas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Experimentos científicos
Além dos eventos sociais, há também a ciência. A Nasa lançou três pequenos foguetes antes, durante e logo após o eclipse na Virgínia, leste dos Estados Unidos. O objetivo era medir as mudanças causadas pela escuridão na parte superior da atmosfera terrestre, a ionosfera, por onde passam sinais de comunicação.

A coroa solar, a camada externa da atmosfera do Sol, torna-se especialmente visível durante um eclipse e é onde ocorrem as explosões solares. Os pesquisadores ficaram particularmente entusiasmados com o fato de o Sol estar perto do auge do seu ciclo de 11 anos.

A Nasa também convidou o público a contribuir com uma pesquisa para o seu projeto de ciência cidadã “Eclipse Soundscapes” (“Paisagens sonoras do eclipse”), gravando os sons da natureza. Um comportamento animal surpreendente foi observado durante eclipses anteriores: girafas foram vistas galopando, enquanto galos e grilos começaram a cantar e chilrear.

O eclipse solar também tem impactos sobre as emoções humanas, de acordo com o estudo “Os efeitos sociais de um incrível eclipse solar”. Eles provocam sentimentos de admiração nos seres humanos ao confrontarmos nosso minúsculo lugar dentro da vasta ordem cósmica. Assim, os indivíduos demonstram sentimentos mais "pró-sociais" uns com os outros após a experiência compartilhada.

A extensão máxima da sombra da Lua aterrissou na costa mexicana do Pacífico às 11h07 (15h07 em Brasília) desta segunda-feira, e depois se deslocou para o nordeste, atravessando uma faixa de 15 estados dos Estados Unidos e indo até o Canadá, saindo do continente sobre a Terra Nova pouco menos de uma hora e meia depois.

Os eclipses totais ocorrem quando a Lua localiza-se exatamente entre a Terra e o Sol, bloqueando temporariamente a luz do grande astro em pleno dia. O Sol é cerca de 400 vezes maior que a Lua, mas também está 400 vezes mais distante, então ambos parecem ter tamanhos semelhantes.

O próximo eclipse total visível nos Estados Unidos (excluindo o Alasca) ocorrerá em 2044. Antes disso, um eclipse total ocorrerá na Espanha em 2026. 

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