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EUROPA

'Educação midiática': saiba como os jovens finlandeses aprendem a detectar notícias falsas na escola

País nórdico foi um dos primeiros na Europa a definir uma política nacional de educação midiática em 2013

Educação midiática: saiba como os jovens finlandeses aprendem a detectar notícias falsas na escolaEducação midiática: saiba como os jovens finlandeses aprendem a detectar notícias falsas na escola - Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Na Finlândia, um país líder em educação midiática na Europa, as habilidades para identificar informações falsas fazem parte do currículo escolar, em meio ao crescimento das campanhas de desinformação e fake news.

"Quem já sabe o que é um troll?", pergunta Saara Varmola, professora de língua e literatura finlandesa, aos seus alunos de 14 a 15 anos, que levantam as mãos durante uma aula em uma escola de Helsinque.

Em um mundo cada vez mais saturado de informações enganosas, as questões fundamentais são: "Quem produz o conteúdo que você consome? O que você mesmo produz? E você tem responsabilidades éticas?", explica Varmola à AFP.

Ao ensinar seus cidadãos a analisar criticamente o conteúdo midiático, desmentir informações falsas e criar conteúdo próprio, a Finlândia busca promover a educação midiática como uma habilidade cívica.

O país nórdico foi um dos primeiros na Europa a definir uma política nacional de educação midiática em 2013. Em 2019, o tema passou a integrar as disciplinas do ensino fundamental e médio. Para melhorar as habilidades de adultos e idosos, ONGs e bibliotecas públicas oferecem cursos.

"A educação midiática é essencial para construir resiliência social, e a Finlândia percebeu isso muito cedo", afirma o ministro da Educação, Anders Adlercreutz, à AFP.

Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

"É especialmente importante ter a capacidade de avaliar criticamente o que se lê, dado que os meios de comunicação tradicionais produzem cada vez menos das informações que recebemos", acrescenta.

Uma visão colaborativa
Considerada pioneira, a Finlândia lidera o Índice de Alfabetização Midiática Europeu, que compara anualmente a capacidade de 41 países para lidar com a desinformação.

Criado em 2017 pelo Open Society Institute, uma ONG búlgara, o índice avalia critérios como qualidade da educação, liberdade de imprensa e confiança na sociedade.

Na classificação do ano passado, os países vizinhos da Finlândia — Dinamarca, Noruega, Estônia e Suécia — ficaram logo atrás.

O sucesso da educação midiática na Finlândia, um país com 5,5 milhões de habitantes, deve-se a uma abordagem colaborativa entre diversos setores, segundo Adlercreutz.

"Não é só a escola; são também os meios de comunicação, os jornais, as empresas, as bibliotecas, os museus... todos participam desse trabalho", explica o ministro.

Educação midiática: saiba como os jovens finlandeses aprendem a detectar notícias falsas na escolaFoto: Jonathan Nackstrand/AFP

De acordo com Leo Pekkala, vice-diretor do Instituto Nacional Audiovisual, responsável por implementar políticas de educação midiática, a confiança dos finlandeses nas instituições sociais é a base do sucesso.

"Nós, finlandeses, ainda confiamos muito nas forças de segurança, no exército, na polícia e no governo. Confiamos em nossos políticos e também nos nossos meios de comunicação", afirma.

Mesmo assim, a Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.340 km com a Rússia, não está imune à influência da desinformação, alerta Adlercreutz.

"Não tenho certeza se já fomos completamente testados nesse aspecto", pondera o ministro.

Pensamento crítico
Na escola de Helsinque, Varmola distribui tarefas aos estudantes com perguntas relacionadas à desinformação online.

"O conteúdo patrocinado é uma forma de influenciar por meio da informação?", "YouTubers e streamers podem enganar?", questiona.

"Sim, YouTubers, streamers e pessoas que usam redes sociais podem enganar. Na minha opinião, isso é algo com o qual podemos nos deparar", diz Bruno Kerman, aluno do ensino médio, em um debate com outros colegas.

"Sim, e quem está impedindo isso?", acrescenta seu colega Niilo Korkeaoja.

Os estudantes explicam que o sistema educacional lhes ensinou a identificar informações suspeitas online, analisar criticamente o conteúdo que consomem e verificar as fontes encontradas em redes sociais como TikTok, Snapchat e Instagram.

"Nosso objetivo é promover habilidades que permitam à população pensar e agir de forma crítica e ser membros ativos de uma sociedade democrática", declara Pekkala.

O maior desafio, segundo ele, é como manter todos os cidadãos atualizados sobre as mudanças na esfera digital, incluindo a crescente população idosa que pode não ter aprendido a detectar fake news na internet.

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