Egito diz ter recebido 29 bebês prematuros transferidos do maior hospital de Gaza
Equipes realizaram a retirada dos recém-nascidos em coordenação com agências da ONU, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
Vinte e nove bebês prematuros que ainda estavam no hospital al-Shifa em Gaza após o esvaziamento da unidade, no sábado (18), chegaram ao Egito nesta segunda-feira (20) através da passagem de Rafah — a única abertura ao mundo no território palestiniano que não está nas mãos de Israel. A informação foi confirmada pela mídia estatal egípcia Al-Qahera News.
As crianças foram retiradas no domingo das instalações, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu como uma “zona de morte”. O exército israelense lançou um ataque contra al-Shifa na quarta-feira, alegando que abrigava uma base do Hamas, algo que o movimento islâmico palestino nega.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou no domingo que os 31 bebês prematuros que estavam no hospital seriam transferidos para o Egito para receberem cuidados médicos adequados. Não foi possível explicar imediatamente por que apenas 29 deles chegaram ao país vizinho.
Os bebês viajarão sem os pais ou parentes, confirmou uma fonte do ministério. A medida foi confirmada pela Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PCRS, na sigla em inglês), que afirmou que suas equipes realizaram a retirada dos bebês em coordenação com agências da ONU, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Mohammed Zaqut, diretor-geral dos hospitais em Gaza, disse à AFP, na ocasião, que "todos os 31 bebês prematuros no hospital Al-Shifa... foram evacuados", juntamente com três médicos e duas enfermeiras.
“Estão em andamento os preparativos” para que eles entrem no Egito, acrescentou.
O hospital Al-Shifa se tornou foco de operações israelenses, com o Exército alegando que o Hamas o utiliza como base, enquanto as tropas combatem o grupo por trás dos ataques de 7 de outubro, que mataram 1.200 pessoas, a maioria civis.
Desde então, a autoridade sanitária do Hamas afirma que a campanha militar de Israel matou mais de 12.300 pessoas, a maioria civis.
"Zona da morte"
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesse sábado que trabalha em um plano de evacuação do hospital Al Shifa, em Gaza, alvo de incursões do exército israelense, e qualificou o local como "zona da morte". Neste sábado, havia 25 cuidadores no hospital, além de 291 pacientes, entre eles cerca de 30 bebês em estado crítico, 22 pacientes em diálise e dois em cuidados intensivos.
Os membros da missão descreveram o hospital como uma "zona da morte", onde a situação é "desesperadora", informou a organização em um comunicado.
"A OMS e seus parceiros estão desenvolvendo com urgência planos para a evacuação imediata dos pacientes restantes, pessoal e suas famílias", informou a organização em um comunicado.
"A equipe encontrou um hospital que não pode mais funcionar: sem água, sem alimentos, sem eletricidade, sem combustível, com provisões médicas esgotadas", escreveu na rede social X (antigo Twitter) o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.