"Ele levantou da cama sorrindo e cantando", diz viúva de caminhoneiro baleado na Avenida Brasil
Geneilson Eustáquio Ribeiro morreu baleado durante trabalho e deixa mulher e dois filhos
Uma das três vítimas do tiroteio entre policiais e criminosos durante operação no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, o caminhoneiro Geneilson Eustáquio Ribeiro foi enterrado no Cemitério de Xerém, em Duque de Caxias, na tarde desta sexta-feira (25). Mais de 50 pessoas, entre amigos e familiares, compareceram ao enterro.
Aos 48 anos, o homem foi atingido na cabeça na BR-040, altura da Linha Vermelha, enquanto dirigia um veículo da empresa para a qual trabalhava. O corpo foi liberado pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no começo desta manhã.
Companheiro de trabalho há anos, o ajudante de caminhoneiro Luiz Felipe Gomes compartilha a indignação sentida pelos amigos e conhecidos.
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— Estou sem forças. Ele era um homem digno. Por que não fecharam a via antes de chegar a esse extremo? — reflete ele, que saiu aos prantos do cemitério. — É um descaso. Era um homem muito bom. Trabalhei mais de sete anos com ele. Viajávamos juntos. Que tristeza.
O homem defende que a situação é “culpa é do estado” e acredita que “as vias deveriam ter sido fechadas”.
— Vou chorar a noite toda por isso. Ainda bem que tive o privilégio de abraçá-lo um dia antes — lamenta o amigo, morador de Xerém há 45 anos.
Trabalhador da Secretaria de Educação da cidade que levava merendas e materiais escolares para crianças e adolescentes da rede municipal de ensino do Rio, Geneilson era pai de uma menina e de um rapaz. Ele era casado com Rejane Alves, a quem deu um beijo na manhã de quinta-feira (24), antes de sair de casa. A família vivia em Xerém.
— Ele levantou da cama sorrindo e cantando. Era muito alegre — relembrou a viúva.
Ao RJTV, da TV Globo, a irmã do homem falou sobre a dor de perdê-lo.
— Ele tinha muito orgulho de ser motorista de caminhão. Ajudava nas entregas de materiais escolares e da merenda para toda a cidade. Era o melhor que tinha: honesto toda vida, trabalhador… — descreveu. — É isso que acontece: sai de casa para trabalhar e não volta mais.