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Eleições europeias: extrema-direita mostra forças e provoca terremoto político na França

Eleições para o Parlamento Europeu confirmaram neste domingo (9) o avanço da extrema-direita

Eleições europeiaS: presidente da França, Emmanuel Macron, sai de uma cabine de votaçãoEleições europeiaS: presidente da França, Emmanuel Macron, sai de uma cabine de votação - Foto: Hannah McKay/POOL/AFP

As eleições para o Parlamento Europeu confirmaram neste domingo (9) o avanço da extrema-direita, em uma tempestade política que, embora não tenha alterado os equilíbrios de poder em Bruxelas, motivou a convocação de eleições legislativas antecipadas na França e conseguiu enormes avanços na Alemanha e na Áustria.

As declarações indicam que o partido de extrema-direita Reunião Nacional (Reunião Nacional, RN) arrasou as eleições na França e obteve o dobro dos votos da aliança liberal lançada pelo presidente Emmanuel Macron.

Diante do resultado catastrófico, Macron fez um discurso ao país e anunciou a convocação de eleições legislativas antecipadas, "cujo primeiro turno ocorrerá em 30 de junho e o segundo turno em 7 de julho".

Nunca antes das eleições europeias tiveram um impacto tão devastador na política doméstica de um país do bloco.

A escolha dos 720 deputados do Parlamento Europeu abre um novo ciclo na União Europeia (UE), e os novos legisladores designarão o novo presidente da Comissão Europeia, o braço executivo do bloco.

Na Alemanha, a maior economia da UE, o partido social-democrata do chefe de governo, Olaf Scholz, obteve o pior resultado de sua história e ficou em terceiro lugar, atrás da direita e da extrema direita.

Segundo as projeções do Parlamento Europeu, a aliança conservadora CDU-CSU receberia cerca de 30% dos votos. O partido de extrema direita AfD está em segundo lugar, com cerca de 16%, enquanto o partido SPD, de Scholz, aparece em terceiro com 14%.

A Alemanha é o país com o maior número de eurodeputados, com 96, seguido por França (81), Itália (76) e Espanha (61).

Na Áustria, as pesquisas de boca de urna colocaram o partido de extrema direita FPO na liderança, com aproximadamente 27% dos votos.

Na Itália, entretanto, as pesquisas de boca de urna – que têm uma ampla margem de erro – indicam que o partido pós-fascista Irmãos da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, estava na liderança com entre 25% e 31% dos votos.

Após as primeiras projeções de resultados, a presidente da Comissão Europeia e candidata a um segundo mandato, a alemã Ursula von der Leyen, prometeu em Bruxelas construir uma barreira de contenção contra "os extremos".

“Vamos construir uma muralha contra os extremos da esquerda e da direita. Vamos contê-los. Isso é certo”, garantiu Von der Leyen.

“Vencemos as eleições!”, afirmou em nome do seu bloco, o Partido Popular Europeu. “O PPE é o grupo político mais forte do Parlamento Europeu (...) Não se pode formar uma maioria sem o PPE”, enfatizou.

O grande bloco do Parlamento Europeu
Apesar do avanço da extrema direita, os resultados provisórios divulgados pelo Parlamento Europeu sugerem que o soma da direita mais moderada, dos sociais-democratas e dos centristas liberais continuará sendo majoritário, em um grande bloco de 389 assentos onde se formam os compromissos fundamentais em matéria legislativa.

No entanto, embora nestas eleições o número de eurodeputados tenha passado de 705 para 720, os sociais-democratas perderam quatro assentos, os centristas liberais 19 e os Verdes 18.

A família política da ultradireita está dividida em dois blocos. De um lado estão os Conservadores e Reformistas (ECR) e, do outro, o Identidade e Democracia (ID), separados por sua postura sobre a própria UE.

Após esta eleição, os dois grupos, individualmente, têm mais legisladores do que os Verdes: o ECR ficaria com 72, o ID com 58 e os Verdes com 53, de acordo com as propostas do Parlamento.

Na América Latina, o presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, reagiu aos resultados da extrema direita, que chamou de "tremendo avanço das novas direitas da Europa", em uma publicação na rede social X.

Durante a campanha eleitoral, Von der Leyen havia aberto as portas para alianças pontuais com o grupo da primeira-ministra italiana de extrema direita, Giorgia Meloni, o ECR.

Na Espanha, os conservadores do Partido Popular (PP) ganharam as eleições e conseguiram 22 assentos, contra 20 do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, após 99% dos votos terem sido apurados.

Já o partido de extrema direita Vox ficou em terceiro lugar com seis eurodeputados.

A Espanha realizou em pouco mais de um ano eleições municipais, regionais, nacionais e agora europeias, e cada uma tem o gosto de revanche da anterior.

“É importante que, com o nosso voto, decidamos se queremos uma Europa que avance ou uma Europa que retroceda. E espero que seja o primeiro antes do segundo”, disse Sánchez logo após votar.

No vizinho Portugal, a oposição socialista superou por uma margem estreita a coalizão governante de direita moderada, enquanto a extrema direita do Chega ficou com 9,8%, em um distante terceiro lugar.

Na Hungria, o partido Fidesz, do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orban, parece estar a caminho de obter o seu pior resultado em 14 anos, mas ainda assim teve mais de 43% dos votos.

O Fidesz havia chegado a estas eleições com intenção de voto de quase 50%, deixando longe o principal partido da oposição, Tisza.

Na Polônia, um eleitor, Andrzej Zemiejewski, médico de 51 anos, garantiu, após votar em Varsóvia, que sua preocupação mais urgente era o reforço “da segurança”, diante da proximidade de seu país com o cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia.

A coalizão liberal lançada pelo primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, ficou com cerca de 38% dos votos, relegando para segundo lugar o partido ultraconservador PiS, com 33%.

      

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