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Eleições nos EUA sentem os ecos do conflito no Oriente Médio

Implorando aos judeus para que votassem nele, Trump disse que se não ganhasse as eleições, "o povo judeu teria muito a ver com a derrota"

Apoiadores aguardam a chegada do ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump durante um comício de campanha Apoiadores aguardam a chegada do ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump durante um comício de campanha  - Foto: Jim Watson / AFP

O conflito no Oriente Médio tem pesado muito na campanha presidencial americana durante o último ano, e agora — à medida que as tensões na região aumentam — pode influenciar as eleições de 5 de novembro.

A candidata democrata Kamala Harris pisa em ovos ao defender o apoio do presidente Joe Biden a seu aliado Israel, ao mesmo tempo em que corre o risco de afastar os eleitores muçulmanos e árabes-americanos.

Enquanto isso, Donald Trump se manifestou sobre o conflito para advertir sobre uma terceira guerra mundial, um prognóstico apocalíptico pelo qual culpa a administração atual.

Na quarta-feira, o candidato republicano anunciou planos de participar de uma cerimônia de homenagem no dia 7 de outubro, na Flórida, com membros da comunidade judaica.

Em um comunicado, afirmou que as "políticas ineficazes e falidas da administração Harris-Biden permitiram que representantes apoiados pelo Irã abrisse um caminho de morte e destruição, resultando em ramificações globais catastróficas".

O ex-presidente afirma, e vem afirmando há quase um ano, que o mortal ataque do grupo islamista palestino Hamas no dia 7 de outubro de 2023, que provocou a morte de 1.205 pessoas em Israel, a maioria civis, nunca teria ocorrido se ele estivesse no cargo.

Eleitores judeus 
Trump, de 78 anos, espera que seu interesse pelo Oriente Médio aumente sua popularidade entre os eleitores judeus, um eleitorado que historicamente votou nos democratas e apoia em grande parte Kamala antes da votação de 5 de novembro.

"Ela odeia Israel", disse o republicano sobre a adversária de 59 anos, durante o debate televisionado. "Na minha opinião, Israel deixará de existir em dois anos e acho que estou totalmente certo", afirmou.

É provável que o ex-presidente tente ganhar votos em Nova York e na Pensilvânia, cada um dos quais tem grandes populações judias, mas seu tom agressivo às vezes tem se mostrado contraproducente.

Ele acusou o senador democrata Chuck Schumer, o funcionário judeu de mais alto escalão nos Estados Unidos, de ser um "membro orgulhoso do Hamas".

Implorando aos judeus para que votassem nele, Trump disse que se não ganhasse as eleições, "o povo judeu teria muito a ver com a derrota", comentários que foram imediatamente criticados como antissemitas.

"Fazer que alguém diga 'perdemos por culpa dos judeus' é escandaloso e perigoso", apontou o Comitê Judaico Americano, enquanto o Conselho Judaico para Assuntos Públicos condenou seu uso de "estereótipos antissemitas".

Olhos em Michigan 
No singular sistema eleitoral dos Estados Unidos, onde um único estado pode influenciar todo o resultado, a campanha de Kamala voltou seus olhos para Michigan.

Trata-se de um estado-pêndulo com uma considerável população árabe-americana, cujos eleitores observam o aumento do número de vítimas civis em Gaza.

"A preocupação com o destino dos palestinos pode influenciar o resultado da disputa lá", alerta Michael Traugott, cientista político da Universidade de Michigan.

As incursões e os ataques aéreos israelenses no Líbano também poderiam ter um impacto, embora atualmente seja "muito cedo para saber", acrescentou.

Como representante de um Partido Democrata dividido pelas ações de Israel no Oriente Médio, Kamala tenta caminhar sobre uma corda bamba.

Ela seguiu os passos de Biden ao prometer apoio a Israel e dizer que "sempre se assegurará de que Israel tenha a capacidade de se defender".

Mas a vice-presidente tem sido mais insistente do que o mandatário em seus apelos por um cessar-fogo.

"Não vou ficar em silêncio", disse sobre a situação humanitária em Gaza. Além disso, Kamala se ausentou especialmente do discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu perante o Congresso em julho, o qual dezenas de democratas decidiram boicotar.

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