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Elizabeth II apresenta o programa de "recuperação nacional" de Boris Johnson

Foi a primeira aparição pública da rainha após o funeral de seu marido, o príncipe Philip

Rainha Elizabeth IIRainha Elizabeth II - Foto: Chris Jackson / Pool / AFP

A rainha Elizabeth II fez sua primeira aparição pública nesta terça-feira (11) após o funeral de seu marido, o príncipe Philip, para inaugurar uma nova sessão parlamentar e apresentar o programa de "recuperação nacional" da pandemia do primeiro-ministro Boris Johnson, que ganhou força após as eleições locais.

"A prioridade de meu governo é conseguir uma recuperação nacional da pandemia que faça o Reino Unido mais forte, mais saudável e mais próspero que antes", afirmou a rainha diante de um número reduzido de parlamentares, que respeitaram o distanciamento e usaram máscaras, na Câmara dos Lordes.

A cerimônia pomposa, em que os Lordes usaram seus mantos vermelhos e perucas brancas, mas a monarca não usava a tradicional capa de arminho e corrente de ouro, foi reduzida devido à pandemia. A soberana, 95 anos, chegou de automóvel, ao invés da tradicional carruagem, e o desfile real foi cortado.

Como determina a tradição, Elizabeth leu um discurso escrito pelo Executivo para apresentar os planos para o próximo ano.

As mediadas incluem destinar mais recursos para o combalido sistema público de saúde, com financiamento adicional, novas tecnologias e programa contra a obesidade e os problemas de saúde mental. O governo também pretende estimular as pesquisas e continuar ajudando as empresas asfixiadas por meses de restrições.

Após a profunda revisão do passado colonial britânico motivada pelo movimento Black Lives Matter, o governo também pretende "apresentar medidas para abordar as disparidades raciais e étnicas", afirmou a rainha.

A agenda política inclui estabelecer metas legalmente vinculantes de emissões de gases com efeito estufa, no momento em que o Reino Unido se prepara para receber a COP26 em Glasgow em novembro e deseja pregar pelo exemplo.

Johnson também deseja reforçar a política de segurança, estimular os investimentos em Defesa e endurecer as leis migratórias, uma das promessas cruciais do referendo de 2016 sobre o Brexit, que ele conseguiu concretizar em 1º de janeiro de 2021.

 

"Cumprir as promessas"

Viúva desde 9 de abril, a monarca — a quem a morte do príncipe Philip, após um casamento de 73 anos, deixou um "enorme vazio", segundo a família, foi acompanhada pelo filho mais velho, o príncipe Charles, de 72 anos, e a esposa deste, Camila.

Esta foi a primeira aparição pública de Elizabeth II desde o funeral do marido em 17 de abril no castelo de Windsor.

A última participação da monarca na cerimônia anual do Parlamento, adiada desta vez pelo coronavírus, havia acontecido em dezembro de 2019, quando Johnson acabara de obter a maioria absoluta nas legislativas, triunfando em redutos da esquerda graças à promessa de reduzir a crescente diferença entre rica Londres e o restante do país. 

Pouco depois teve início a pandemia global que matou 127.000 pessoas no Reino Unido e obrigou o polêmico primeiro-ministro conservador a gastar enormes quantidades de dinheiro para mitigar os efeitos da Covid-19, ao invés de construir escolas, infraestruturas e investir na área de comunicação como havia prometido.

Apesar da pandemia e de vários escândalos que afetaram seu governo, o triunfo do Partido Conservador nas eleições municipais da semana passada demonstrou que ele não perdeu o eleitorado.

"Agora é o momento de olhar para frente e seguir cumprindo as promessas que fizemos ao povo britânico", afirmou antes da cerimônia Boris Johnson, impulsionado pela boa situação de saúde após quase quatro meses de confinamento severo e de uma campanha de vacinação bem-sucedida.

"Não apenas vamos tratar das consequências da pandemia, como vamos além para unir e nivelar o país, lutar contra o crime e criar oportunidades em todo o país para que as empresas e as famílias construam um futuro melhor", destacou.

Johnson enfrenta, no entanto, o desafio de manter o país unido, após a vitória nas eleições de quinta-feira para o Parlamento regional da Escócia das forças independentistas, que exigem um novo referendo de autodeterminação, o que tem a veemente oposição de Londres.

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