Elon Musk usa X para disseminar teorias conspiratórias sobre furacões em meio à eleição presidencial
Campanha de desinformação promovida pelo homem mais rico do mundo inclui ataques políticos, dificultando resposta federal aos desastres
Elon Musk ataca novamente. O dono da rede social X (antigo Twitter) está usando sua plataforma de mídia para espalhar teorias conspiratórias sobre desastres naturais nos Estados Unidos.
A campanha de desinformação do homem mais rico do mundo ocorre em meio à eleição presidencial e inclui ataques políticos, dificultando a resposta federal aos furacões Helene — que causou ao menos 235 mortes em seis estados na última semana — e Milton — que deve atingir o Sul da Flórida na noite desta quarta-feira com um impacto ainda mais cataclísmico.
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De acordo com reportagem do político, Musk ajudou a disseminar acusações de que a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema, na sigla em inglês) “bloqueou ativamente” as doações para as vítimas do Helene e está “confiscando bens (...) e trancando-os para declarar que são seus”.
Funcionários da Fema já declaram que tais alegações são falsas, além de conflituosas com comentários elogiosos de líderes republicanos estaduais e locais à assistência prestada por Washington.
No X, Musk também ampliou os rumores de que as autoridades da Carolina do Norte haviam “assumido o controle para impedir que as pessoas ajudassem” os residentes atingidos, e as acusações de que os xerifes estavam ameaçando prender a equipe da Fema “se eles impedissem o trabalho de resgate e ajuda”. A agência disse que a alegação é falsa.
“A FEMA gastou seu orçamento transportando [imigrantes] ilegais para o país em vez de salvar vidas americanas. Traição”, escreveu Musk sem provas no X, onde intercalou mensagens sobre os danos causados pelo furacão com ataques políticos aos democratas.
Musk é um dos principais doadores do ex-presidente Donald Trump, que tem usado sua própria rede social para fazer alegações infundadas de que o presidente Joe Biden e a vice Kamala Harris estão “se esforçando para não ajudar as pessoas nas áreas republicanas”.
A desinformação está causando problemas para os sobreviventes do Helene, alguns dos quais estão sendo dissuadidos de procurar ajuda, disseram os líderes da Fema na terça-feira, sem mencionar Musk ou Trump.
Também está prejudicando as equipes de emergência, cujo moral foi atingido em meio a ameaças à sua segurança, acrescentaram.
De acordo com Deanne Criswell, administradora da Fema, a onda de teorias conspiratórias "é absolutamente a pior que já vi". A agência tem uma página de controle de boatos para combater o tipo de golpes que geralmente florescem após um desastre, mas os ataques ocorridos desta vez estão ocorrendo numa proporção muito maior que o previsto, disse ela a repórteres em conversa por telefone na manhã de terça-feira.
— É realmente lamentável que [as pessoas] continuem tentando criar esse nível de medo nessas comunidades que está impedindo nossa capacidade de fazer nosso trabalho no nível necessário, mas não vamos deixar que isso nos detenha — disse Criswell. — Continuaremos a estar nessas comunidades e a apoiá-las no que for necessário.
A Fema e outras agências estão ajudando os moradores de estados como Flórida, Geórgia e Carolina do Norte após a passagem do Helene há quase duas semanas. Eles farão o mesmo novamente na Flórida depois que Milton chegar nesta quarta-feira.
Republicanos como o senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, também pediram o fim dos comentários que espalham rumores e teorias da conspiração:
— Muitas dessas observações não são nem mesmo de pessoas que estão no local — disse Tillis no domingo no programa "Face the Nation" da CBS. — Acredito que temos que nos concentrar nas operações de resgate, nas operações de recuperação, nas operações de limpeza, e não precisamos de nenhuma dessas distrações no local. Isso prejudica os socorristas que trabalham duro e as pessoas que estão apenas tentando recuperar suas vidas.
O furacão Milton, de categoria 5, se aproxima da costa oeste do estado da Flórida com ventos superiores a 250 km/h, com a expectativa de atingir o solo americano nesta quarta-feira.
Moradores de seis condados do estado receberam ordens de evacuação obrigatórias, enquanto outras estão sob alerta de emergência por causa da tempestade — que registrou a intensificação mais rápida da História e ameaça inaugurar uma nova categoria máxima, a de número 6, com ventos de mais de 307 km/h.
A situação mais dramática é na costa oeste, onde está localizada a Baía de Tampa, com cidades grandes como Clearwater e Saint Petersburg. Na cidade de Tampa, o parque Busch Gardens fechou as portas diante da proximidade do furacão. Em outros pontos turísticos da costa da Flórida, como Venice, moradores também estão procurando abrigos.