Em Afogados, motociclistas ganham antenas corta pipas durante ação educativa de trânsito
Expectativa é de que aproximadamente mil antenas sejam instaladas
Através de uma ação educativa de trânsito, os motoqueiros que trafegam pela Estrada dos Remédios, no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife, podem receber gratuitamente a instalação de uma antena corta pipas na loja Honda, localizada à esquerda da via, no número 1397. A expectativa é de que cerca de mil itens sejam entregues até às 18h. Garrafas e suportes para celulares também estão sendo dados.
O material, em forma de bastão retrátil, é colocado no guidão da motocicleta e tem o objetivo de proteger os motoqueiros contra linhas de cerol e chilenas. Afiadas e capazes de gerar cortes profundos e até mortes, ambas têm uso e venda proibidos por lei, de acordo com os artigos 129, 132 e 278 do Código Penal Brasileiro, além do artigo 37 da Lei das Contravenções Penais.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Sindicato dos Trabalhadores Entregadores, Empregados e Autônomos de Moto e Bicicleta Por Aplicativo do Estado de Pernambuco (Seambape) e as empresas Ifood e Mob Motos. No caso dos motoqueiros que trabalham como entregadoras do IFood, um código foi gerado para que a instalação fosse feita.
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O presidente do Seabampe, Geison Lima, relembrou um episódio de acidente com um amigo por conta do cerol. Ele também frisou a falta de fiscalização e punição para quem age contra a lei nesses casos.
“Um amigo meu já se acidentou com a linha de cerol, justamente porque não estava usando a antena. É um suporte para a gente. A lei diz que é proibido, mas o governo é omisso”, afirmou.
Obrigatório para alguns
O uso das antenas corta pipa já é obrigatório para motos que fazem motofrete ou ainda mototáxis. Esses veículos têm a placa na cor vermelha.
Atingido por linha chilena
O dia 16 de outubro de 2021 está na memória de José Jorge Roque de Azevedo, hoje com 58 anos, como uma forma de lembrar da “segunda” vez em que nasceu. Com a esposa na garupa da moto, ele pilotava de volta ao Recife no fim de uma tarde de céu nublado. O casal estava em Itamaracá. No caminho, ele foi obrigado a reduzir a velocidade ao passar em uma lombada eletrônica, mas trafegar nos 40 quilômetros sinalizados acabaram garantindo mais segurança do que ele imaginava.
“Eu estava voltando de Itamaracá e a linha estava lá e quase ceifou a minha vida. Eu já tinha antena, mas como tinha chovido, havia abaixado. Acredito que se não fosse logo após um radar de lombada eletrônica de 40 quilômetros, quando eu diminui a velocidade, teria me matado. A linha que me feriu era chilena, num tom azul clarinho. Ela me cortou profundo e quase me matou”, disse de início, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco.
Depois do corte que recebeu no pescoço - hoje lembrado numa cicatriz fina -, a linha ficou presa no capacete que usava, mas até ver o sangue, José e a esposa não tinham percebido o perigo, apesar dele ter começado a sentir fraqueza no corpo. Tudo mudou numa parada para beber água.
“Eu estava na moto e achei que a minha pressão tinha caído e então eu ia parar para tomar água. Quando desci, ela viu o corte e começou a gritar. Eu passei a mão e a linha estava presa no capacete e a roupa cheia de sangue. Quando me vi no espelho, vi uma coisa horrível e achei que ia morrer", afirmou.
Com auxílio de uma pessoa que também passava pela via, ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada na Caxangá, já no Recife, mas foi no Hospital da Restauração que pôde comemorar a sua sobrevivência.
"Uma pessoa me socorreu para a UPA da Caxangá, mas não fui atendido lá, então me levaram para a Restauração, onde fui atendido rápido. Se não fosse isso, eu teria entrado em óbito”, rememorou.