Em cirurgia inédita no Brasil, agricultor tem mão esquerda reimplantada no braço direito no Recife
Paciente foi submetido ao autotransplante nessa quarta-feira (13), no Hospital SOS Mão
O agricultor paraibano Damião de Oliveira Bezerra, de 47 anos, teve a mão esquerda reimplantada no braço direito em um procedimento inédito no Brasil feito pela equipe médica do Hospital SOS Mão, no Recife. A cirurgia é chamada de transplante autólogo, uma vez que a mão transplantada foi para a própria pessoa.
Damião de Oliveira teve a mão direita amputada em um acidente de trabalho enquanto utilizava uma máquina forrageira, usada para triturar e picar sementes e cascas de cereais. Ele tinha 17 anos de idade na época.
Há oito meses, o agricultor perdeu a funcionalidade da mão esquerda após um acidente de carro. Ele teve a orelha decepada, lesão cervical e paralisia total do plexo braquial (estrutura nervosa na região do pescoço e ombro) esquerdo, o que causou a interrupção dos sinais que vão do cérebro para os músculos, impedindo que a musculatura do braço, antebraço e mão funcionem, de acordo com o SOS Mão.
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O paciente foi submetido ao autotransplante nessa quarta-feira (13). De acordo com boletim médico enviado pelo hospital, nesta quinta-feira (14), os médicos avaliam e acompanham de perto a evolução de Damião, "mantendo a vigilância constante nestas primeiras horas de pós-operatório".
"Segundo os médicos, os próximos sete dias de pós-operatório são cruciais na definição do resultado final da cirurgia", informa nota do hospital.
"Ele vai tirar a mão esquerda e colocar aqui [na direita]. Eu estou querendo chegar lá e vou ver que vai dar tudo certo. Estou confiante que vai dar certo", disse Damião, em entrevista à TV Globo feita antes do procedimento.
O hospital reiterou que a mão esquerda foi retirada para tentar promover a função adequada no outro braço, de forma a melhorar a qualidade de vida do paciente.
O dedo polegar de Damião ficou invertido, mas o médico Mauri Cortez ressaltou que isso é o recomendado. “Isso não tem muito problema. Quando a gente vai ligar os nervos, é como se fosse lugar um aparelho elétrico. Vai ligar fio amarelo com amarelo, vermelho com vermelho, azul com azul, pra tudo dar certo e funcionar como funciona na outra mão”, afirmou à TV Globo.