Em crítica, Petro acusa Israel de "genocídio" e faz referência ao Holocausto
Presidente colombiano disse que vai suspender as compras de armas de Israel, meses depois dos israelenses anunciarem suspensão de "exportações de segurança"
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou Israel de “genocídio” e comparou a morte de dezenas de palestinos que tentavam conseguir alimentos nos arredores da Cidade de Gaza, na madrugada desta quinta-feira, ao Holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial. O episódio provocou uma troca de versões entre israelenses e palestinos, e serviu para o líder colombiano voltar a atacar Israel.
“Pedindo comida, mais de 100 palestinos foram assassinados por Netanyahu. Isso se chama genocídio, e também nos lembra do Holocausto, embora os poderes mundiais não gostem de reconhecer isso. O mundo deve bloquear [Benjamin] Netanyahu [premier de Israel]. A Colômbia suspende todas as compras de armas de Israel”, escreveu Petro no X, o antigo Twitter.
Pidiendo comida, mas de 100 palestinos fueron asesinados por Netanyahu. Esto se llama genocidio y recuerda el Hocausto así a los poderes mundiales no les guste reconocerlo.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) February 29, 2024
El mundo debe bloquear a Netanyahu. Colombia suspende toda compra de armas a Israel. https://t.co/o5aLu7DCA6
Leia também
• EUA exige "respostas" de Israel sobre mortos durante distribuição de ajuda em Gaza
• Secretário-geral da ONU 'condena' mortes durante entrega de ajuda em Gaza
• Operação de distribuição de alimentos em Gaza vira um pesadelo
Ainda não houve resposta do lado israelense.
O presidente colombiano tem feito duras críticas a Israel desde o início da ofensiva militar contra o grupo terrorista Hamas em Gaza, depois dos ataques de 7 de outubro de 2023, que deixaram 1,2 mil mortos no país. Um dia depois da invasão do Hamas, Petro foi ao X fazer declarações igualmente condenadas por Israel, traçando similaridades entre a Alemanha nazista e a relação entre israelenses e os palestinos em Gaza e na Cisjordânia.
“Se tivesse vivido na Alemanha dos anos [19]33, eu teria lutado ao lado dos judeus, e se tivesse vivido na Palestina de 1948 teria lutado ao lado palestino. Agora os neonazistas querem a destruição do povo, da liberdade e da cultura Palestina. Agora os democratas e progressistas queremos que se imponha a paz e que sejam livres os povos israelenses e palestinos”, escreveu no dia 8 de outubro de 2023.
Nos dias seguintes, ele voltou a fazer referências à Alemanha nazista e ao Holocausto, tentando encontrar similaridades com o contexto atual. Em resposta, o governo israelense, além de postagens críticas, anunciou a suspensão das “exportações de segurança” a Bogotá, e Petro disse que “se tiver que suspender relações com Israel elas serão suspensas”, acrescentando que “não apoia genocídos”. Em novembro, ele chamou a embaixadora colombiana em Israel para consultas, mas não rompeu oficialmente os laços com Israel, como fez a Bolívia, no final de outubro.
Petro foi um dos poucos líderes internacionais a sair em defesa do presidente Lula após a comparação por ele feita entre a operação militar israelense em Gaza e o Holocausto.
“Expresso minha total solidariedade ao Presidente Lula do Brasil. Em Gaza há um genocídio e milhares de crianças, mulheres e idosos civis são cobardemente assassinados. Lula só falou a verdade e defende-se a verdade ou a barbárie nos aniquilará”, disse Petro, no dia 20 de fevereiro, no X.