Em cúpula urgente, UE busca unificar posição sobre guerra Israel-Hamas
Os dirigentes da UE deverão revalidar uma Declaração Conjunta, que contém uma posição comum dos 27 países do bloco sobre o tema
Os líderes da União Europeia (UE) iniciaram, nesta terça-feira (17), uma reunião de emergência para tentar unificar a postura do bloco sobre o conflito entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas, depois de uma semana de vários desencontros entre seus países-membros.
A reunião por videoconferência guardou um minuto de silêncio antes de ser iniciada "em homenagem às vítimas inocentes que perderam suas vidas em Israel e na Palestina. E às vítimas dos recentes atentados na Europa", indicou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Os dirigentes da UE deverão revalidar uma Declaração Conjunta adotada no domingo, que contém uma posição comum dos 27 países do bloco sobre o tema.
Depois do ataque de milicianos do Hamas em território israelense, em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.400 mortos, e dos bombardeios israelenses em represália contra a Faixa de Gaza, com mais de 3.000 mortos até agora, as instituições da UE se viram envolvidas em declarações confusas e contraditórias, que geraram mal-estar.
Primeiro, o comissário europeu para a Vizinhança e Ampliação, Oliver Varhelyi, anunciou uma suspensão imediata dos pagamentos de ajuda ao desenvolvimento aos palestinos.
Posteriormente, a Comissão Europeia - braço executivo da UE - anunciou uma "revisão urgente" dos programas de ajuda aos palestinos, até que, finalmente, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE triplicaria a ajuda humanitária a Gaza, em até 75 milhões de euros (pouco mais de R$ 400 milhões).
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As declarações de Von der Leyen em uma visita a Israel causaram desconforto nas capitais europeias.
Von der Leyen enfatizou o direito do Estado de Israel de se defender, mas omitiu que esta resposta deve se ajustar ao direito internacional, especialmente no que diz respeito à defesa da população civil.
De volta aos trilhos
A questão do respeito ao direito internacional foi um ponto central nas conversas dos ministros das Relações Exteriores do bloco, convocadas pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, na terça passada.
As controvérsias levaram Michel a convocar, com urgência, a cúpula virtual desta terça-feira.
Um diplomata europeu admitiu que tudo o que rodeou a visita de Von der Leyen a Israel se tratou de um episódio "problemático" e que agora a prioridade do bloco era "colocar as coisas de volta aos trilhos".
Na Declaração Conjunta de domingo, os líderes da UE "enfatizam, energicamente, o direito de Israel de se defender de acordo com o direito humanitário e internacional frente a ataques violentos e indiscriminados".
E, em seguida, "reiteram a importância de garantir a proteção dos civis em todos os momentos, em linha com o Direito Internacional Humanitário".
"Estamos prontos para continuar apoiando os civis mais necessitados em Gaza, em coordenação com os nossos parceiros, garantindo que as organizações terroristas não abusem dessa assistência", afirmaram os líderes em sua declaração.
Em sua incursão em Israel, os milicianos do Hamas capturaram cerca de 200 pessoas que levaram a Gaza como reféns.
Israel prepara uma invasão à Faixa de Gaza e exige, desde sexta-feira, a retirada de um milhão de pessoas que vivem no norte do enclave.
Organizações de direitos humanos apelam para que se permita a entrada de ajuda humanitária e a saída de civis.